FILAS DO NOSSO BRASIL

Um dia desses visualizei muitas filas que me chamaram a atenção. Logo pela manhã, em frente à Agência Caixa Econômica Federal, havia uma grande fila, tratava-se do recebimento do auxílio emergencial, que como todos sabem, é ajuda importantíssima aos mais necessitados. Todos que estavam na fila usavam máscara, no entanto, há quem comentasse que se não houvesse obrigação do seu uso a fila seria bem menor, em razão de que muitos não desejavam ser reconhecidos diante a clareza da desnecessidade do auxílio. Horas depois, havia outra fila adentrando ao supermercado localizado próximo a Agência da Caixa Econômica, a fila era decorrente da limitação de pessoas dentro do supermercado, imposta por lei municipal decorrente da COVID-19. O expressivo movimento era resultado do auxílio emergencial, deduz-se o seu bom aproveitamento.

Algumas horas depois, visualizei mais duas filas ainda maiores, uma ao lado da outra, desta feita, uma adentrava a Lotérica, eis que a mega sena estava acumulada, a outra era a do jogo do bicho. As casas de jogos possuem salas distintas, mas são anexas uma da outra. Duas filas, uma do jogo “legal”, de responsabilidade do Governo Federal, a outra do jogo “ilegal”, de responsabilidade não se sabe de quem. Será que é mesmo “ilegal”?

Nas filas todos usavam máscara, a fila andava vagarosamente, rolavam conversas e risos, ouvia-se muitos planos para o futuro em caso de premiação. Olhando aquelas filas indaguei a mim mesmo: "Será que fazer apostas em dinheiro é pecado ou não?" Fiquei refletindo sobre isto. Pensei, pensei e conclui. Aliás, conclusão insegura, totalmente duvidosa: “Quem sabe se o valor da aposta não fizer falta para aquisição de outras coisas essenciais não seja pecado. Mas em caso de ser o premiado, ainda vai depender no que vai ser usado, aplicado o dinheiro, pois se usar para um fim não recomendável, certamente haverá pecado, ou não”. Confesso! Em princípio achei que a resposta era simples, fácil, mas continuo na dúvida. Fazer apostas em dinheiro é pecado ou não? Nunca tinha pensado sobre isto, mas acabei pensando.

A tardezinha o silêncio foi quebrado, o badalar dos sinos da Igreja Matriz soaram chamando os fiéis a missa. Fui a ela, não que seja um fervoroso freqüentador, mas uma vez por semana procuro ir. Lá chegando constatei mais uma fila, desta feita em direção ao Confessionário, todos também estavam de máscara, mantendo uma razoável distância um do outro, esta era uma fila silenciosa e compenetrada. A missa teve seu início, o assunto da homilia foi a respeito ao pecado, fora realizada com muita probidade. Não demorou e se formou outra fila, a da Comunhão, a recepção do Santíssimo Sacramento.

Lembrei! Deus escreveu pelas mãos de São Paulo:

“Todo aquele que comer do Pão ou beber do Cálice do Senhor indignamente será réu do Corpo e do Sangue do Senhor. Por conseguinte, que cada um examine a si mesmo antes de comer deste Pão e beber deste cálice, pois aquele que come e bebe sem discernir o Corpo, come e bebe sua própria condenação” (1Cor 11,27-29).

Por fim, as filas de saída da Igreja, de onde semelhantes ao filho pródigo todos nós chegamos e após júbilos entre os anjos dos céus com a benção, todos nós saímos.