A GÊNESE DA CONCORRÊNCIA

Decidimos viajar rumo ao passado para meados dos anos 10.000 a.C. em um período conhecido como “Pleistoceno”. E foi no continente americano que encontramos uma das mais temíveis criaturas; reconhecida pela imponência e agressividade. Seu nome: Tigre-dentes-de-sabre, uma espécie de felídeo do gênero “Esmilodonte”.

Vale destacar que este predador não era a maior das feras, contudo, sua presença provocou baixas terríveis entre seus “oponentes”, notadamente pela força e poder letal de seus longos caninos de até 28 cm.

Foi em razão do medo de ser trucidado pelas tais presas agudas que Petrônio e sua família escolheram como refúgio uma caverna localizada no sopé de um morro, bem próximo de recursos naturais e ao abrigo das baixas temperaturas. Petrônio tinha a consciência de que todos ali estavam aquecidos e em segurança, mas houve um momento em que a fome apertou e não lhe restou alternativa senão sair da caverna para buscar alimento.

Ciente de que tudo estava bem, ele desce por um descampado à procura da caça. Avalia o terreno e camufla numa fenda larga e profunda do chão uma armadilha de madeira talhada em troncos finos e pontiagudos. Não demora muito para avistar bem próximo dali o terrível Tigre-dentes-de-sabre. Espera pacientemente pela aproximação do animal que em dado momento surge. Posiciona-se e gesticula para o tigre. Diante da provocação, a fera salta sobre Petrônio, mas despenca letalmente pela fenda sobre as pontas de madeira.

Fruto da façanha, Petrônio ganha a fama e o respeito dos nativos, tornando-se um líder temido pela coragem. Outros, levados pela cobiça, rivalizam com nosso herói o ímpeto que definiremos como “competição”, contrapondo seus semelhantes e provocando o desejo de novas conquistas. Ao longo do tempo, aquela célula familiar expande-se à condição de tribo e gradativamente avança em recursos, costumes e infra-estrutura.

Como nômades, experimentam as vantagens de se reunirem em comunidades, posteriormente em aldeias, vilas e cidades. A interação social provoca evidentes sinais de progresso. A competição desenha no caráter da civilização humana a faculdade da concorrência entre homens e mulheres, negros e brancos e demais etnias. Como consequência da ganância pelo poder, surge nesta pirâmide a guerra, ancorada no medo. A influência do capital se faz notar. É quando os valores mais nobres do ser humano sucumbem ante a corrupção, fruto do dinheiro. E por milênios, a sociedade evolui.

O mundo, como o conhecemos, progride, experimentando o lado nocivo do capitalismo: a concorrência desleal. Não que sejamos contra esta ideologia, tampouco defendemos o comunismo; que levou à bancarrota inúmeros países e… ilhas. Temos que evoluir socialmente para patamares onde o valor mais nobre do ser humano seja manifestado, colorindo de beleza suas capacidades e eliminando as torcidas “desorganizadas” que fomentam cisões e embrutecem o desporto, contaminando o nobre sentido da diversão e da alegria, mundo afora.

É neste contexto que extingue-se de vez a concorrência e as competições. Surge então um novo homem no planeta Terra, que deixa de competir, pondo fim às guerras, às doenças e sublimando em seu DNA a consciência do amor fraternal. Haverá o momento em que teremos o necessário para viver com dignidade e aboliremos de vez o poder e a ganância. Não havendo mais ricos e nem pobres, reconheceremos em nosso semelhante a criatura social tão desejada. Livres da cobiça e multi-capacitados vivenciaremos a nova era irmanados respeitando o universo animal e vegetal, bem como toda a natureza com vistas a um mundo feliz.