Ser Mulher Preta

Tudo começa quando se nasce numa diáspora de pais colonizados e sem direito às suas histórias e ancestralidade. Nasce uma criança, uma menina que carrega na pele a história de um povo marcado pelo racismo e pela escravidão.

O tempo passa e sua história é só mais uma no meio de tantas: pais pobres, mãe solteira, sobrevivência e preconceitos de todos os tipos e lugares. Desrespeito com suas dores, amores e saberes. Desrespeito com seu corpo.

Quanto mais o tempo passa, mais resistente a menina precisa ser, pois tem que encarar sem choro suas dores, sua solidão e sua falta de tudo, inclusive de dignidade. E quando não se tem mais o que se chorar, lhe sobram os cacos pra juntar, colar e voltar para a selva que é viver na diáspora e no mundo competitivo.

Ser Mulher Preta é muitas vezes não aceitar seu próprio corpo, cabelo e cor por imposição de padrões eurocêntricos que roubam nossa auto estima e nossa sanidade mental. É ter direito à Academia e não se sentir parte dela, mesmo estando nela.

Ser Mulher preta é resistir e ( re)existir todo santo dia, pra honrar a Ancestralidade que rompeu barreiras e preconceitos pra que você continuasse aqui...contínua...dando continuidade à nossa raça e ideais!

Suas lágrimas já não doem mais, mas se fazem fortaleza para seguir e desfazer o círculo vicioso que dizem que ela tem que seguir: de solidão, de abandono e de preconceito.

Ser Mulher Preta é isso...usar as dores como escada, transformar as lágrimas em poesias, transformar os não em objetivo e resiliência!

Ser Mulher Preta é seguir lutando pela sua existência todos os dias e resistir!

Rosana Rodriguez julho/2020

Rosana Rodriguez
Enviado por Rosana Rodriguez em 12/10/2020
Código do texto: T7085354
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