Ora (direis) ouvir Abelhas!”*


Pois eu as ouvi!
                       [ou, pelo menos, as entendi]
 
     Era mais uma manhã de um curso de extensão e, como bolsista, tinha que prestar horas de trabalho no laboratório audiovisual da faculdade.
   Fiz questão de ilustrar a crônica com a bela foto da arquitetura do Palácio Universitário da UFRJ, primeiro pela beleza da construção e segundo, para que o leitor compreenda o porquê das minhas amigas abelhas estarem lá.
     Como a imagem bem mostra, a área circundante do Palácio é amplamente arborizada, e rica em jardins floridos. Logo...
     O turno dos alunos bolsistas é de quatro horas trabalhadas, escalonado entre manhã, tarde e noite de maneira a não atrapalhar os horários das aulas. O meu era o da manhã, compartilhado com uma colega de curso.
     Chegávamos cedo e eu gostava de preparar o café que nos mantinha acordadas em meio a períodos de estudos regulares e do projeto de extensão, além da carga horária de trabalho como bolsistas.
     Foi numa dessas manhãs, cedinho, que vivi uma experiência sui generis com esses encantadores e inteligentes insetos.
     Havia feito o café e já estava sentada ao computador quando percebi que quatro abelhas voavam insistentemente a minha volta. Sempre me disseram que não se deve enxotá-las, sob pena de se voltarem para o ataque, e procurei ficar quieta.
     Comentei com minha amiga e reparei que a atração delas era apenas comigo. O cerco das abelhas já durava alguns poucos minutos, quando levantei e me aproximei da janela para ver se elas iriam embora. Nada! Continuavam zumbindo nos meus ouvidos.
   E eis que tive um estalo. Eu havia feito o café e provavelmente o cheiro dele, impregnado em mim, as deveria estar aguçando.
    Então olhei para a cafeteira, já desligada e vazia, e percebi que duas outras tinham entrado na jarra de vidro e não conseguiam sair. Aproximei-me, retirei a tampa e... a liberdade!
     Enfim juntas, deram uma última volta ao meu redor, alçaram voo e se foram janela afora.
    As quatro que me cercavam estavam pedindo ajuda – Incrível!
    Desde então não me assusto mais com a presença de abelhas. Aliás, não é raro vê-las ao meu lado. Gosto de brincar com a ideia de que esssa história se espalhou pelo mundo delas e que sou sua heroína. 
   Depois da nossa inusitada conversa, agora as tenho como companheiras, além de admirá-las ainda mais!
      Natureza sábia!!!
 
     Grupo “Abelhinhas” « Paróquia Nossa Senhora da Conceição - Porto Alegre, RS
   
03 de outubro é o Dia Nacional das Abelhas!
(Aprendi somente hoje!)
 
 


*"Ora (direis) ouvir estrelas!",  é o primeiro verso do Soneto XIII da obra literária Via Láctea, de Olavo Bilac.
 
 
Imagem 01: Palácio Universitário do campus da Praia Vermelha da UFRJ - Wikimedia Foundation
Imagem 02:  Google

 
Marise Castro
Enviado por Marise Castro em 14/10/2020
Código do texto: T7087593
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.