Infância e Juventude no Tempo Áureo da Fábrica de Laticínio em Desterro do Melo - Cartas ao Tempo – Narrativas Pessoal e Familiar - Crônicas
 
 
Eis aí a prole do patriarca Sebastião De Paula Lisbôa. Aquele que, junto a outros parentes,  fora responsável pelo beneficiamento da fábrica de laticínio ao longo do Caminho do Ouro, que interligava fazendas leiteiras.
 
Na foto aparecem as filhas e o menino, todos família, do que se chamaria hoje empresário, mas à época é provável que o empreendedor seria nomeado em outra função histórica. Ele saíra de Santana do Garambéu, segundo alguns relatos orais, para Desterro do Melo. Os três filhos e irmão não tinham tempo para registros fotográficos de laser. Produziam. Na foto aparecem, além das filhas, irmã da matriarca Matilde Caldas Lisbôa.
 
No portal da prefeitura daquele município, Santana do Garambéu, lê-se em seu histórico que ele fora fundado da seguinte maneira: “...o Capitão JOSE VILÇOSO casado com dona TERESA de SOUSA CALDAS escreveu ao bispo de Mariana pedindo autorização para erigir uma capela no que foi atendido pela autoridade eclesiástica em 07 de julho de 1754.”*
 
Sebastião de Paula Lisbôa se ligaria através de Matilde aos Caldas a este fundador? Pergunto. Parece, se a memória não engana ao escrevente, que no nome daquele patriarca havia ainda um “da Silva” que fora removido ficando mesmo a graça de Sebastião  de Paula Lisbôa  - da Silva.
 
Reza a lenda que esta linhagem masculina patriarcal se fez através de portugueses que exploraram o trabalho indígena e negro e o feminino para os prazeres. Juno, nos ciúmes por Júpiter,  dizia: “Este Bárbaro tem bisavó pega no laço e frequentava senzala”. Tupã fecundou Chica da Silva que dizia ser Pombagira. Gira, gira levanta a saia da santa e o caboclo enfia o cacete a mando do luso: lusco-fusco. A localidade Santana possui mesmo habitantes Puris e gentes negras. Possivelmente, pois, é forte esta genética na família: percebe-se  etnia europeia com olhos verdes, mas lábios grossos e narizes largos, além da pele e cabelos que variam do loiro ao negro. Mas isto é pura especulação. Tudo legenda.
 
Na fábrica de laticínio o empreendedor e seus filhos trabalhadores usavam tamancos de madeira.  As filhas tinham calçados e vestidos missais. Os agregados das fazendas andavam descalços. Pequena burguesia e camponeses. Os pés eram cheios de bicho-de-pé. Todos iam à missa para o páraco ter o controle da sociedade.
 
A aristocracia usava meias de seda e os trabalhadores tamancos e chinelos sem meia. Hoje todos usam meias e calçados. Depois da pandemia a máscara será indumentária.
 
Quando meu avô Sebastião veio para a nobre e leal Barbacena, centro da cafonice, ele nunca mais tirou terno e gravata com sapatos sociais. Frequentava estabelecimentos burgueses e não saia do cinema e seus cafés. Meu pai não saia de Juiz de Fora atrás de sua Lurdinha Italiana. Que Juno criasse a prole de sua filha e  fosse ajudada pela mucama Odila!  Oxalá e Orixá.
 
Sebastião e Manoel, pai e tio de Maria, Geralda, Enilda, Terezinha, Elizabete, Nanci, Neli e de Paulo, Luís, Washington, Sebastião Junior. Deuses da taba, do terreiro e do Olimpo.
 
Meu pai arrastava o esse à moda carioca e gostava mesmo era da liberdade. Arrumou caminhão e conheceu quase todo o Brasil. Não quis saber de ser empregado e nem ter empresa. Mas teve sua carteira de trabalho como identificação na sociedade fascista getulista e militar. Cafona tinha anel de ouro 12 e latão com zircônio vermelho. Dera para minha mãe um com zircônio verde água como os olhos dele.
 
Gerações de crianças e jovens se fizeram. Foram e saíram de Desterro do Melo.
 
* https://santanadogarambeu.mg.gov.br/historia/
 
Leonardo Lisbôa
Barbacena, 18/10/2020
 
 
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Leonardo Lisbôa
Enviado por Leonardo Lisbôa em 18/10/2020
Reeditado em 18/10/2020
Código do texto: T7090364
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