A intensa busca

Ao conhecer o padre Olavo, pude reconhecer a sua extraordinária pessoa, alto, bem disposto, na descendência podia-se ver um brasileiro nato, notava muitas misturas, branco, negro, índio. Tinha uma boa aparência, com seus 45 anos nas costas, requisitos indispensáveis para algumas mulheres a cata de aventuras.

Eu na minha ilusão de ser um jornalista, um repórter, ou apenas um escritor sem causa, estava ávido em querer destrinchar histórias de pessoas humanas incríveis, ia continuando minha entrevista com aquele religioso que de uma certa forma o admirava pela sua fé incrível, pessoas assim com essa fé vibrante, eu tive oportunidade de ter certeza em alguns exemplificando: a minha falecida mãe que foi uma catequista autêntica, minha esposa que sendo evangélica também é autêntica e outras pessoas mais que não ouso citar.

Então eu ali diante daquele homem de Deus, ele ia ser pelos seus superiores mandado para uma paróquia que ficava numa das piores favelas, lancei a minha pergunta, franca e sabia que ele iria compreender plenamente, falei:

--- Padre Olavo, sei grande parte de sua vida, foi atribulada e põe atribulação nisso! O senhor foi abandonado pelos seus pais biológicos, foi apanhado na rua praticamente no laço, com apenas 10 anos ficou internado numa casa de menores, ali praticamente parecia um palco de horrores, o mundo ali poderia transformar qualquer mortal no mais terrível monstro do mal.

O Padre Olavo reforça o meu relatório, na sua complementação, explicou com detalhes o que eu não entendia o porque de muitos acontecimentos estranhos neste mundo muitas vezes muito perverso. Ele dizia:

--- já sei você é também daqueles que acredita que a pessoa humana é o que adquiriu na infância, se adquiriu o mal, tornar-se-á mau, se foi o bem, talvez possa ser até mesmo santo! Na lógica humana, é realmente isso mesmo, meu caro, mas nos desígnios de Deus é até mesmo inexplicável. A minha infância foi tudo isso que você relatou e mais um pouco, (o padre ia me explicando de maneira clara e brilhante) já dentro da barriga de minha mãe eu sentia que ela não me queria, sentia-se arrasada pelo abandono do meu pai, entregou-se completamente nas drogas, que tomou conta de mim até os meus 9 anos, ela com seus vícios todos, nos seus momentos sóbrios falava muito em Jesus Cristo, mas quis a fatalidade que ela morresse de overdose, fui jogado daqui, ali, até que fiquei criado num abrigo de menores, ali como você mesmo citou, foi um palco de horrores, o amor ali era praticamente extinto.

Os resquícios de lembranças de Jesus parecia não apagar de minhas memórias que minha mãe nos seus poucos momentos ia imprimindo em mim. Aos 12 anos, um casal me amparou, tornaram-se meus pais verdadeiros porque o amor deles nunca se arrefeceu, foi um amor vibrante mesmo, porque eu não fui fácil na criação, minha revolta muitas vezes era latente, mas essa luz tão importante que é o amor me fez o que você está vendo hoje.

E aí eu terminei minha conversa com Padre Olavo, ele estava fazendo os preparativos para embarcar em nova missão, a sua ida para a nova paróquia na favela. Nessa intensa busca para novas soluções nesse mundo tão problemático, Pensei com os meus botões:

--- quem sabe Padre Olavo, possa ser um Bispo, Cardeal e porque não um dia Papa, Nossa mais isso também é sonhar demais!!!...