No mês do PROFESSOR suscitamos a memória daqueles que ensinaram no Brasil, enquanto nação, nos primórdios de formas de governo.
 
O Vale do Velão em Desterro do Mello, a Mão de Obra e Educação –  Cartas ao Tempo – Narrativas, Pessoal e Familiar - Crônicas
 
Alguém postava dados sobre educação em Desterro do Melo e seu professor público que dá nome à escola. Lembrei-me  de dois nomes, duas professoras: Tita Tafuri e Neuza.  A primeira quando vou àquela cidade vejo homenagens ao seu nome. E a segunda cheguei visitar sua fazenda  onde vi sua escola rural. Minha mãe, A Fia do Velão tinha sido, na juventude, amiga da Aurora, mãe da Neuza.
 
 
O pesquisador me respondeu:
 
 
“Oi Leonardo! Sobre a Tita tenho alguns registros, mas estão na escola. A D Neuza ainda é viva, teria que conversar com ela para obter informações, por isso não irei postar dessa vez. Sobre o Jayme Calmeto venho pesquisando há mais tempo e até encontrei o registro no livro de matrícula do Caraça e a publicação de sua nomeação estadual. Falta o arquivo da Escola de Farmácia de Ouro Preto.”
 
 
Pedi a ele informação sobre meus avós e a pessoa que ajudou minha mãe criar sua prole e que foi para o seio de minha família quando uma de minhas irmãs nasceu. A resposta veio tão logo quanto pode:
 
 
“Leonardo, estou pesquisando a lista nominativa de 1831 do Arraial da Capela do Mello e encontrei os seguintes nomes:
Silvério José de Mello
Theodora Rosa (mulher)
Filhos: Antônio José Maria Anna
Escravos: José Luiz Maria Rosa Generosa” (Sic)
 
 
A seguir, o pesquisador acrescentou:
 
 
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“Estou pesquisando os ascendentes e descendentes desse Mello para tentar descobrir a relação com o toponímio da localidade.   O local já se chamava Mello antes da doação de patrimônio para constituição da Capela por António José de Mello, que é tido como fundador. Talvez seja Desterro de outro Melo, que não o Antônio José de.”(Sic)
 
E  estudar era assim: Um privilégio! Se estudou, louros. Mas se recusou, punição.  Como neste relato de minha prima  em conversa informal com seu pai:
 
“Ontem eu fui ao Melo e conversei com o meu pai. O Ziquinha, estudante de medicina era pai da minha avó. Ele era casado com a Totonha que era irmã da vida Augusta. A família do Ziquinha era família (...) que morava em BH. O pai dele o deserdou por   ele ter largado a medicina. Por consolo deixou uma casa em BH pra ele e só. A família dele era toda de lá. Ao deixar a medicina, veio morar com um tio em Santa Bárbara. O vovô Velao pelo que o meu pai falou era da família dos Tenas.”(Sic)
 
Perguntei o motivo do abandono do curso de medicina por aquele antepassado e a prima disse o seguinte: “Minha mãe falava que o pai dele era bem severo e aconteceu dele vir visitar esse tio e gostou...  decidiu não voltar mais. Isso causou a desavença entre os dois irmãos. E deserdou o filho.” (Sic)
 
Aquele pesquisador havia publicado no FACEBOOK uma foto-postal sobre o Prof. Jaime Calmeto com as seguintes citações:
 
“Jayme Calmeto (Ferreira) de Castro (1863 – 1924) primeiro professor público de Desterro do Melo.
Nomeado professor efetivo em 06 de março de 1914 para lecionar na Escola Noturna do Sexo Masculino do Distrito de Desterro do Melo, município de Barbacena. Sabe-se que, bem antes de sua nomeação, já atuava no ensino para turmas isoladas, no prédio do Conselho Distrital (hoje, Câmara Municipal), no Largo da Matriz (atual Praça Carlos Jaime). (Sic)
 
 
O professor Jayme Calmeto frequentou o Colégio do Caraça, uma das mais tradicionais instituições de ensino do Brasil Império, bem como a Escola de Farmácia de Ouro Preto, a mais antiga da América Latina. “Fotos: Arquivos da "Escola Estadual Professor Jaime Calmeto" e do Jornal "O Paiz" da Biblioteca Nacional.”
 
As três pessoas sobre quem pedi dados ao pesquisador são meu avô Silvério Augusto de Melo Junior, minha avó Augusta Odorica de Melo e quem acompanhou minha mãe e elas eram como irmãs, Odila Congo Pinto.
 
O vale do Velão é uma região onde ele, meu avô estabeleceu fazenda e descendentes ainda moram. Por isto eu o chamo de Vale do Velão,  que se forma a partir da Serra da Conceição e se estende até à cidade de Santa Bárbara do Tugúrio onde sua esposa nasceu. A localidade é conhecida apenas por Velão. E Velão porque, segundo minha mãe, ele era muito alto e branco-translúcido. Reza a lenda que seria descendente de alemães, mas é só uma legenda, pois, os substantivos próprios são os mais lusos possíveis como Silvério, Augusto, Afonso, Antônio, Maria, José.
 
Ah, e minha mãe na década de 1930 veio como aluna interna para o Educandário Baronesa Maria Rosa onde meninas da região aprendiam “prendas domésticas” e como tal aprendera a bordar, costurar, tricotar e crochetar. Quando retornou para Desterro do Melo ganhou uma máquina de costurar. Minha irmã herdou a tal máquina e a possui até hoje quando se aposentou.
 
Nesta escola particular da “Baronesa Maria Rosa” eu comecei lecionar em 1981 e minha mãe teve sua memória avivada. Ali estudara por volta de 1930. Quando ali trabalhei vi algumas meninas que eram internas e sempre ao vê-las imaginava como teria sido no tempo de D. Fia, a Fia do Velão.
 
Faço a inferência que o curso noturno para o qual o professor Jaime Calmeto fora nomeado devia ser para, na República Velha (1989- 1930), criar o eleitorado da Velha Política do Café com leite. Ou seja, analfabetos que apenas desenhavam os próprios nomes para votar no representante da oligarquia leiteira.
 
Sobre a mão de obra escrava fica para outra crônica quando eu falar da Fazenda da Piúcha.
 
Leonardo Lisbôa
Outubro, mês do Professor.
 
 
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de 19 de Fevereiro de 1998.
 
 
 
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Leonardo Lisbôa
Enviado por Leonardo Lisbôa em 27/10/2020
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