A doença masculina

Ao longo da história do ser humano é comum encontrar várias doenças com elevados índices de mortalidade. É o caso, por exemplo, da peste bubônica, também chamada de peste negra, que levou cerca de um terço da população européia lá pelo século XIV.

Algumas gripes também ficaram famosas pela sua letalidade. Assim foi com a gripe espanhola (1918/1919) ou a gripe asiática (1957), que atravessaram os oceanos vitimando também uma infinidade de pessoas. A covid (2020) já se aproxima de um milhão e meio de vítimas no mundo.

Do meu tempo de menino lembro o temor que provocava a proximidade a uma pessoa com tuberculose. Tínhamos uma vizinha, vítima dessa doença, e a recomendação dos meus pais era que nem passássemos por perto de onde ela morava. Hoje a tísica pulmonar é um mal que não provoca mais esses receios, sendo tratada em casa, graças às descobertas medicamentosas.

Começou-se então a falar em câncer. Aliás, em CA. Era tanto o receio que essa doença provocava que as pessoas resolveram apelidá-la. É como se não chamando pelo nome evitasse que se contraísse tal moléstia.

Veio então a fase da AIDS com todos os mitos e preconceitos que lhe envolve, que felizmente o tempo se encarregou de ir destruindo, mas que ainda hoje preocupa as áreas de saúde, pela variação das formas de disseminação que ela vem adquirindo.

Até aqui estamos tratando de doenças que atingem indistintamente homens e mulheres.

Isso porque as doenças também têm sexo, umas acometendo apenas as mulheres, enquanto outras atingem só os homens. É o caso, por exemplo, do câncer de próstata, pequena glândula situada no aparelho reprodutor dos mamíferos machos, que contribui na formação do sêmen. Trata-se de uma doença cuja descoberta não é recente, mas a sua incidência só tem crescido ao longo dos anos.

Na voz do urologista Dr. Miguel Srougi, professor da USP e uma das maiores autoridades do mundo nesse campo, em longo prazo todos os homens vão ter problemas relacionados à próstata. Podem até aumentar a expectativa de vida chegando aos 100 anos, mas lá longe está à sua espera um câncer de próstata.

Diferentemente das mulheres que se preocupam com as doenças que lhes são próprias com visitas regulares a ginecologistas, os homens, movidos pelo preconceito, não têm essa prática. E deixam de fazer os dois tipos de exames que ajudam no diagnóstico precoce da doença aumentando a possibilidade de cura: o exame de sangue chamado PSA e o toque, aos quais devem ser submetidos os que estiverem na faixa entre os 40, 45 anos, em diante.

O Dr. Miguel também fala do papel das mulheres no combate a essa doença. Segundo ele, dois terços dos pacientes que vão ao seu consultório são levados pelas companheiras. A explicação está em que “a mulher tem um sentido de preservação da família muito mais forte que o do homem. Passadas as tempestades e oscilações do relacionamento, ela não quer que o marido morra”. O seu desejo é ter, pelo maior tempo possível, o companheiro perto dela. E enquanto não experimentamos “para todo o mal a cura”, não custa ir prevenindo contando com a ajuda da mulher e com a conscientização que o novembro azul proporciona.

Fleal
Enviado por Fleal em 10/11/2020
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