sine qua non

Foi ontem. Encontrei-a triste, descabelada e um tanto morta. Olhou-me, um olhar profundo, um tanto aflito e quase gritou:

- Percebes? Não basta amar. Não basta.

E começou a dizer-me tudo o que fez por amor. Enfrentou o mundo, as maledicências, os julgamentos e muito mais. Mas, fincou-se ao seu lado. Explicou-me como tornou-se abrigo e oásis para um deserto árido. Falou e falou sem parar, olhando no fundo do meu olho.

- Percebes? Não basta amar. Porque sou magra, porque não sei vestir aquelas roupas, porque falo com todo mundo, porque sou indiscreta, dramática...

Olhou de novo lá dentro do meu olho, onde a menina, as vezes, só sente medo e pede carinho e proteção. Mas eu sou uma Rapunzel sem tranças, daquelas que se salva sozinha e cuida de todos os príncipes.

- Percebes? Não basta amar para ter amor de volta.

Então gritei, vendo-a sumir no fundo do meu olho:

- Vai!!! porque amar me basta. É meu destino não ser amada.