A FALÁCIA ESCRITA.

Sempre acreditei que as palavras escritas, pelo fato de ficarem carimbadas no papel, tivessem maior valia e marcassem, senão, para sempre, pelo menos, por um bom tempo, a bem intencionada elucidação da motivação implícita. A fim de eternizar um pensamento ou uma fala perdida que, inaudível, tenha sido esquecida ou não lida, pelo indefectível tempo. Hoje, entendo que palavras não bastam. Assinadas ou não. Hoje, penso que as palavras prometidas, escritas ou faladas, não seguidas de atitudes definidas e concretas, levitam ao vento e são ou queimadas, ou afogadas, ou jogadas ao lixo. Percebi que cada palavra sem a subsequente ação, pode produzir de imediato uma reação de diversificadas respostas , mas que definham e acabam morrendo, passados os efeitos de curta duração. A palavra "bem dada", requer do emissor um comprometimento com a verdade da intenção; independentemente do objetivo. Pode, claro, haver intercepções e surpresas entre a verdadeira intenção e a execução daquilo, a princípio, planejado. Contudo, deve prevalecer a transparência do desejo em toda sua essência. O falar sem responsabilização é, muitas vezes, inconsequente e desnecessário. Cumpre, pois, na medida do possível, a parceria entre a palavra e a atitude, num tempo desacreditado de esperanças e virtudes.

Elenice Bastos.