INQUIETAÇÃO


Tantas horas de inquietação! Minha cabeça doía de tanto pensar... é um sentimento de impotência diante dos fatos. Não quero mais viver tanta angústia desnecessária, consequência de atos impensados. No turbilhão de projetos mal formulados a sensação que eu tenho é de estar dentro de uma grande nevasca, enterrando meus pés sem poder andar e sentido o frio penetrando e enrijecendo meu corpo. Pudera, é como se fosse um pesadelo, a neve aumenta e estou me sufocando de tanto frio. Onde está o calor humano que tanto preciso? Vou buscar em fontes diferentes e as vejo, tão áridas, sem abundância fraterna. São tantas justificativas e tantos não que desaprendi a ouvir os sins. Sei que tudo passará, mas enquanto estou vivendo este momento afogada nas magoas e no desalento carrego meu parceiro e meu filho companheiros das horas de alegria e infortúnio. Sei que passará, mas aprendi a viver intensamente os meus momentos e as minhas emoções e, portanto, não consegui ainda respirar com a leveza de quem tem sonhos amenos e saltitantes rodopiadas infantis. Penso que resgatarei minha alegria momentaneamente perdida numa tristeza infinda. Quero sorrir, ... Dar gargalhadas freneticamente como que rompendo os grilhões do nada e do desanimo. Desejo romper com o silencio de minha alma incrédula e busco a voz da fé e o repouso de quem se sente protegido numa força maior. Desejo encontrar alento em minhas preces, que nem sei se é, por não estarem pejadas de amor incondicional. Há meu Deus! Como gostaria de ter fé, a inabalável fé e conseguir abrir-me para o mundo, entender. Com os outros envolvidos no compromisso com a solidariedade humana.
Minha inquietação aumenta e sinto suores, mãos trêmulas e o corpo pesado. Tento repousar minha cabeça no travesseiro e relaxar... faço isso com a consciência de que é difícil, mas quem sabe não conseguirei? As horas passam e começo a sentir a sensação de relaxamento. Minha cabeça fica mais leve. Imagino-me dançando numa relva verde, com um imenso vestido branco, de organza, transparente. Vejo-me valsando e levemente mexendo com os braços e o corpo, mas de uma forma tão suave que me acalma. Assim fiquei dançando e molhando meus pés naquela água cristalina de uma fonte que desconhecia. Mas ela estava lá. Penso que adormeci, pois no dia seguinte me encontrei dormindo sobre o tapete verde da sala, o som e a janela abertos. Corria um vento anunciando o novo dia.
Acordei bem melhor de como adormeci.
Regina Barros Leal
Enviado por Regina Barros Leal em 01/12/2020
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