O amor faz renascer.

Ao longo de meus anos de vida posso afirmar que aprendi muito com as plantas. Tenho em minha sala de estar uma palmeira ráphias há mais de dez anos. Ela chegou em minha casa exuberante, com todo o brilho de uma planta recém replantada em um lindo vaso. Sempre acompanhei seu crescimento e aprendi a lidar com ela, com água o suficiente, uma vez por semana, com sol indiretamente, e dando-lhe o meu carinho, conversando com ela, dizendo que a amava muito por conviver comigo, embelezando meu apartamento. Porém, observava que toda às vezes em que viajava e a deixava aos cuidados de alguém que vinha regá-la semanalmente, ao voltar da viagem, não a encontrava tão exuberante assim, meu caidinha e pensava: "ela sentiu minha falta". E durante esses anos isso foi frequente, e o mais interessante é que eu percebia, também, que quando eu não estava bem de saúde, física ou emocionalmente, ela também se ressentia. Em uma dessas vezes, que a minha convalescença foi demorada, pensei que ela estivesse morrendo, ficou com as folhas amareladas, murchando e com aspecto de bem adoecida. Trocamos toda a terra, fizemos a poda e a replantamos para ver se ela se recuperaria, porém enquanto eu fiquei adoentada ela se manteve igual, não se reerguia. Pensei em tirá-la da sala, pois não mais embelezava o local. Mas assim que fui me recuperando e voltando a conversar com ela e mostrando o meu carinho, chegando a beijar algumas de suas folhas, ela renasceu, e está de novo muito bela, crescendo a cada dia. O grande aprendizado que esta planta me mostrou, não que eu não soubesse: todos nós, seres vivos, precisamos de amor, de presença, de atenção, de carinho para conseguir "renascer das cinzas". Uma palavra amiga, um gesto afetuoso, pode fazer toda a diferença. Depois da "morte", depois da poda, depois da troca de foco, se conseguirmos voltar à vida plena, muitos perceberão nossa exuberância, nosso brilho no olhar e nosso agradecimento por mais um ciclo de superação.

Observem suas plantas, pois elas nos ensinam muito sobre o viver e o sobreviver, sobre às intempéries que muitas vezes passamos e sobre a possibilidade de renascer, sobre a importância do amor e da atenção. A vida será sempre assim, alguns ciclos se fechando e outros se abrindo, e nós caminhando, acreditando na mudança e nas novas possibilidades.

Foi assim com a renda portuguesa que cuidei por dezessete anos, com a samambaia que enfeitou minha varanda por muitos e muitos anos e com várias outras plantas que tive e tenho para embelezar não só a minha casa, mas principalmente a minha vida.