Colégio Paula Frassinetti

Esta crônica registra a presença quase centenária do Colégio Paula Frassinetti, em São Sebastião do Paraíso, Sudoeste Mineiro, estabelecimento de ensino mantido pela Congregação das Irmãs de Santa Doroteia. O início da obra educacional na cidade ocorreu em 1925 e resultou do empenho e persistência do monsenhor José Felipe da Silveira, que durante 25 anos foi pároco da Matriz local, entre 1914 a 1939, junto ao bispo diocesano de Pouso Alegre, cidade sul-mineira na qual já funcionava um colégio dirigido pela mesma congregação.

Esse evento marcante da história da educação ocorreu em um momento diferenciado da economia do município. Resultado direto da expressiva produção de café de fina qualidade, proporcionando recursos para a abertura de casas bancárias, de novas empresas comerciais, construção do Grande Hotel Cosini e dos palacetes que, naquele tempo, começaram a substituir os velhos casarões de outrora. Na mesma época, ocorreu o reconhecimento federal dos exames finais realizados no Ginásio Paraisense, em decorrência da visita de bancas examinadoras vindas do Rio de Janeiro, entre outros eventos simbólicos do progresso econômico da cidade.

Foi nesse contexto que os fazendeiros do município, entre os quais o comendador João Alves de Figueiredo Junior, por intermédio do Monsenhor Felipe, patrocinaram a doação do amplo terreno e construção do prédio do colégio na atual avenida Ângelo Calafiori, localizado nos antigos “Campos da Mocoquinha”, com fundos para a grande Lagoa contornada de pastos, onde tropeiros e sitiantes deixavam seus animais enquanto permaneciam na cidade.

Conforme consta na foto ilustrativa desta crônica, em dezembro de 1926, estava sendo construído o prédio do Colégio, inaugurado dois anos depois, conforme foi noticiado em jornais da capital paulista. Assim que chegaram as primeiras Irmãs Doroteia, um antigo casarão foi alugado no centro da cidade para instalar, provisoriamente, as aulas do curso primário, inaugurado em 16 de março de 1925, com a matrícula de 32 meninas. Esse foi o início da marcante trajetória da instituição na história da educação local. No ano seguinte, as Irmãs passaram a oferecer o Curso Normal, após a transferência realizada pelo município dos direitos sobre o curso que funcionava anexo ao antigo Ginásio Paraisense.

O curso normal do Ginásio Paraisense estava funcionando desde 1911, promovendo a formação de professoras e professores primários, equiparado à Escola Normal Modelo de Belo Horizonte. Desse modo, o diploma concedido tinha validade restrita ao estado de Minas Gerais. Condição essa que prevaleceu até ser instituída, o início do Governo Vargas, a primeira grande reforma educacional de caráter nacional. Naquele contexto inicial, o registro estadual do curso normal, propriedade do município de São Sebastião do Paraíso, foi transferido para o Colégio Paula Frassinetti. O professor Tabajara Pedroso, diretor do Ginásio Paraisense recebeu a quantia de dez contos de reis para aceitar a transferência dos direitos sobre o curso, conforme o ilustre educador relatou em suas memórias. Naquele tempo, o diretor do Ginásio mantinha um contrato de arrendamento assinado com o município, com direito de cobrar as mensalidades dos alunos matriculados nos diferentes cursos, incluindo o normal.

Desse modo, começou uma nova fase na história local da formação de professoras para o ensino primário, nível equivalente aos atuais anos iniciais da Educação Básica. O Colégio passou a oferecer, além dos cursos primário e normal, o antigo curso ginasial, com quatro anos de duração, na época, denominado primeiro ciclo do ensino secundário. Durante os primeiros anos, o estabelecimento foi dirigido pela madre superiora Maria das Dores Lyra, pernambucana que dedicou vários anos de sua vida ao progresso da educação escolar de moças paraisenses, depois de dirigir um colégio da mesma congregação em Fortaleza, capital do Ceará. A madre superiora chegou a São Sebastião do Paraíso acompanhada da Irmã Olga de Albuquerque e, no mês seguinte, vieram outras três religiosas que também atuavam no Colégio de Pouso Alegre. Essas linhas são apenas alguns traços da longa história da instituição que há quase um século participa da vida cultural e educacional da cidade