Crônica do meio da rua
Foi caminhando pelas ruas do bairro onde mora que um senhor, de pouco mais de 70 anos, fez, quase sem querer, a sua primeira crônica.
Enquanto se dirigia à sua casa, seus pensamentos faziam o papel de uma máquina de escrever, mas sem barulho algum.
Sua mente visualizava um planeta extraordinário. No lugar de vastas terras, apenas oceanos. Em vez de casas, barcos e botes. Já os casarões e as mansões eram lanchas iates e transatlânticos.
Peixes e poesia alimentavam os habitantes daquele planeta.
Depois do que leu o que escreveu, o homem ficou pensando e se perguntando: quem vai acreditar que eu produzi uma crônica no meio da rua?
E, imediatamente, concluiu: basta que eu acredite na minha verdade.
Não precisei de caneta e papel para fazer a crônica. Ela se alojou em mim e aguardou para que eu chegasse em casa e pudesse escrevê-la numa folha de papel virtual.
Contrariando o título da minha primeira crônica, hoje penso assim:
eu não estava sonhando acordado.