Eletricista Benedito Alves de Barros

Graças ao prezado conterrâneo Salvador Barros, atualmente morador de Campinas, Estado de São Paulo, pude conhecer uma parte da trajetória de seus queridos pais, Benedito Alves de Barros e dona Jorcelina de Souza Braga. Nos anos 1960, eram moradores da avenida Wenceslau Braz, no oração do bairro da Mocoquinha em São Sebastião do Paraíso, Sudoeste Mineiro. Eram visinhos e amigos da família do sapateiro José Paes e Dona Terezinha Lizarelli Pais, quando minha família morava na referida via pública, ainda sem calçamento, recoberta por areia, por onde passavam cavaleiros conduzindo seus pequenos rebanhos rumo ao matadouro municipal.

O objetivo desta crônica é registrar memórias de profissionais que exerceram seus ofícios naquele tempo e que por esse motivo estão inseridos na memória cultural da cidade. No caso do senhor Benedito Alves de Barros, ele trabalhava como eletricista, funcionário da Companhia de Força e Luz Siqueira Meirelles, concessionária do serviço de geração e distribuição de energia elétrica em São Sebastião do Paraíso e numa dezena de outras cidades da região. Nesse sentido, é oportuno transcrever, a seguir, uma parte do texto escrito por Salvador Barros, narrando os caminhos de vida seguidos pelo vosso saudoso pai, como conhecido eletricista paraisense de daqueles anos.

“Natural da fazenda Morro do Ferro, quando essa região pertencia ao município de São Sebastião do Paraíso, Minas Gerais, meu saudoso pai Benedito Alves de Barros, nasceu no dia 17 de abril de 1909. Na flor de sua juventude, casou-se com Jorcelina de Souza Braga (mais conhecida como Dona Jorça). Ao começar vida nova, o casal fixou residência na avenida Wenceslau Braz, próximo à Santa Casa de Misericórdia, no bairro da Mocoquinha. Nesse lugar da cidade ele passou toda a sua vida, dedicada à criação dos filhos e ao trabalho. Após longos anos de trabalho, se aposentou como empregado da Companhia de Força e Luz Siqueira Meirelles. Em paralelo ao trabalho de eletricista, ele atuava como juiz de futebol e porteiro do Operário Esporte Clube, equipe que reunia o orgulho dos moradores da Mocoquinha. Ficou na memória da cidade a sua participação nas animadas alvoradas realizadas todo Dia do Trabalho, 1º de Maio. Antes do sol raiar, dezenas de trabalhadores, acompanhados de seus filhos, atravessavam a cidade, em animada caminhada, concentrando-se em frente ao portão do estádio do Operário, acompanhados por uma banda de música.

O casal Benedito e Dona Jorça foi agraciado com sete filhos homens: Antônio, trabalhou de motorista de caminhão na referida empresa; João também trabalhou na mesma Força e Luz; Francisco da mesma forma, iniciou na turma de operários do pai e, depois trabalhou na construção de postes de cimento. Cloves trabalhou na loja da empresa que vendia material elétrico. Sebastião seguiu o mesmo destino, trabalhando como motorista e depois como leitor dos relógios marcadores do consumo de energia elétrica nas residências e casas comerciais. Eu, Salvador Barros, e meu irmão Carlos não fomos funcionário da Força e Luz, mas trabalhamos na oficina de auto elétrica de propriedade de João e Jose Antloga.”

Para finalizar, narrativas de vida como essa relembrada por Salvador Barros têm o que existe de mais vibrante em termos de história. Pertence ao espaço diferenciado da nossa memória familiar. Longe dos registros oficiais das instituições, ao relembrar a trajetória de profissionais de outrora, estamos tentando nos aproximando das raízes culturais da terra natal e assim podemos avançar no eterno desafio de conhecer um pouco mais a nossa própria existência pessoal e social.