UM CONVITE PRA LÁ DE CURIOSO.

Comecei meu discurso assim. Quero fazer-lhes um convite a conhecer um local abismal, isso mesmo um local onde rondam os piores monstros que habitam a terra. Meu amigo não disse nada, apenas coçou a cabeça. Já sua mulher muito expansiva, respondeu de forma efusiva. Que lugar é esse? Porque não nos levar a um lugar onde as coisas sejam belas e degustáveis!

Sabe tenho medo de terror, falou isso concertando a gola da minha camisa, enquanto isso o marido só observava.

Pode vir sem medo, respondi! Serei seu guia, ela fez brilhar suas butucas de olhos pretos. O marido, deu um sorriso desbotado, sem sal, mas sorriu. Depois de segundo disse:Olha mulher, conhece muito bem o dito. Isso mesmo, entendeu direitinho, ele referia a mim como dito. E prosseguiu, ele é desajuizado, não mudou nada, acho melhor recusar, arriscar é perigo.

Ainda tentei, argumentei, quis melhorar a cara do local onde íamos visitar, mas eles não aceitaram o convite. Ele desculpou-se , diz que iria visitar seu pai. Ela enquanto ele foi pegar seu chapéu , me disse , seu convite é tentador, mas não depende só de mim, vi nos teus olhos faíscas de curiosidade. Sei que ela leu malícias onde de fato não havia.

Despediram e saíram. O lugar é longe ela fez a ultima pergunta.

É e não é, respondi.Dependi do voo da alma. Vi seu lindo sorriso relampejar em minha tarde enfadonha.

Voltei a minha sala e comecei a remexer meus alfarrábios perdidos na insensatez dos olhos. A essas alturas, requentei marmitas antigas , que outrora saciaram fome e sede. Fui a cozinha , tomei uma caneca d'água. mergulhei em colóquios. Porque será que as pessoas tem medo de arriscar-se? Porque o pensamento só penetra em solo vil? Confesso que me desapontei. É o mundo anda meio mudado, e as pessoas, interpretam tudo ao pé da letra, já não ha espaços para metáforas. A insensatez predomina, e por ai fiquei.

Outro dia no principiar da tarde, me preparava para o café, ouvi a porteira bater. Ouvi alvoroços de pássaros em debandada. quando abri a janela dei de cara com ela. Ela mesmo, dessa vez estava só. O cabelo bem penteado, o olhar ainda mais reluzente, e um olhar tendencioso.

Pensei, convido-a para entrar ou não. Convidei. Ela entrou sentou-se no banco de madeira, cruzou as pernas torneada, notei que ficou sem saber o que falar. Neste ponto dei partida a conversa. Perguntei se havia arrependido de não ter arriscado. Ela deu um sorriso vasto. Arrependi. E seu esposo, indaguei. Ele acha um grande risco. Disse da sua fama, e que poderia jogar tempos de vitorias rio abaixo.

Pontuei, mas poderia nos abrir a porta do paraíso, tornar-nos dono de mundos perfeitos. Fazer nossos pés pisarem em cada colosso. Vi que ela corou a maçã do rosto, seus lábios ressecaram, e sua voz mudou de tom.

Esperei um pouco, passar os passos do momento. Antes da poeira abaixar. Ela olhou para o chão e disse: Vamos. Só nós dois, perguntei. Sim , ela respondeu. Não posso, disse! Vi nela ar de desaponto.

Então ela levantou-se, ajeitou o vestido e saiu. Ainda fiz a unica pergunta. Quando ele quiser me avise, faremos a arriscada viagem.

Ela não me respondeu, e de longe vi o vento abanar seus cabelos. Garanto que fique mal falado, mas as pessoas vivem interpretando mal as outras. Aposto que já imaginaram coisas. Mas revelo a vocês aonde íamos. Ia leva-los a dar um mergulho no universo de nossas almas, mostra-los os monstros que nos habitam. Fazer um voo, nesse ambiente onde só o silêncio nos permite bons repastos...

Angelo Dias
Enviado por Angelo Dias em 15/12/2020
Código do texto: T7136345
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