Aplausos de pé para o Papa Francisco.

Não sou carola. Faço crítica mudas a respeito das beatas. Não, elas não me ouvem. Ninguém me ouve falar delas. Comecei a pegar implicância séria a seu respeito ainda no milênio passado, quando do surgimento de uma manifestação conservadora e tradicionalista promovida pelas senhoras de Santana, por ocasião das eleições municipais de 1982, a primeira nos derradeiros suspiros da amaldiçoada ditadura.

As senhoras de Santana eram a representação do retrocesso, do reacionarismo praticado pelas mulheres desse bairro de classe média baixa na zona norte de São Paulo. Gostavam de empunhar vassouras e se manifestavam a favor de Jânio Quadros, com o seu jingle: ”chegou a hora da honestidade. Do trabalho, da saúde e educação. O Jânio vai voltar com a vassoura para acabar com a corrupção”...

Fujo das carolas e falo para o meu filho: cuidado com os igrejeiros: são os piores.

Mas o Papa Francisco representa um outro lado do pensamento cristão. Ele sim é um ser de luz! Presente, atuante, crítico, moralmente elegante como todo religioso deveria ser, lá está ele comprometido com a vida em dignidade como – repito – todo religioso teria a obrigação ética de ser.

O Papa não perdeu a oportunidade de conhecer e se inteirar a respeito da luta do MST em defesa da vida especialmente nesse momento trágico da história da civilização. E soube, como ninguém, se manifestar.

Com muito atraso a informação foi divulgada somente hoje (não me perguntem a razão)e publicada no Diário do Centro do Mundo, jornal eletrônico progressista. Lá vai:

Neste sábado (25), Dia da Trabalhadora e do Trabalhador Rural, o cardeal Michael Czerny, secretário do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, enviou uma carta em nome do Papa Francisco que saúda as famílias Sem Terra que seguem realizando ações de solidariedade no Brasil.

O MST já distribuiu mais de 2,5 mil toneladas de alimentos no combate ao covid-19 e à fome no Brasil, ação vista com “alegria pelo gesto bonito de distribuição de alimentos que as famílias da Reforma Agrária no Brasil estão realizando nestes tempos da Covid-19”.

Leia abaixo a carta na íntegra:

Roma, 25 de julho de 2020

Queridos irmãos e irmãs!

Em nome do Papa Francisco e também em meu, queremos manifestar a nossa alegria pelo gesto bonito de distribuição de alimentos que as famílias da Reforma Agrária no Brasil estão realizando nestes tempos da Covid-19. Esta pandemia traz muita dor e sofrimento em todo o mundo, sobretudo às pessoas mais pobres e excluídas. Partilhar os produtos da terra para ajudar as famílias necessitadas das periferias das cidades é um sinal do Reino de Deus que gera solidariedade e comunhão fraterna.

Quando Jesus viu as multidões famintas encheu-se de compaixão e multiplicou os pães para saciar a fome do povo. Todos se alimentaram e ainda houve sobras (Mc 6,34-44). A partilha produz vida, cria laços fraternos, transforma a sociedade. Desejamos que este gesto de vocês se multiplique e anime outras pessoas e grupos a fazerem o mesmo, pois “Deus ama a quem dá com alegria” (2 Cor 9,7).

Pedimos a Deus Pai que derrame sua bênção sobre os produtos que vocês estão partilhando e que Ele abençoe também a todas as famílias que doaram e aquelas que vão receber os alimentos. E que o Espírito Santo vos proteja do vírus da Covid-19, vos dê coragem e esperança neste tempo de isolamento social! E neste dia dos agricultores, que o nosso Bom Deus proteja e abençoe todas as famílias que trabalham na terra e lutam pela partilha da terra e pelo cuidado de nossa casa comum!

Cardeal Michael Czerny S.J.

Vera Moratta
Enviado por Vera Moratta em 17/12/2020
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