A ESMO MESMO

É tarde quente de verão

Sol abrasador, o vento que teima em não aparecer para dar um alívio neste forte mormaço.

Eu deitado no quarto sem vontade de fazer qualquer coisa, o desânimo se apodera de meu corpo, pensamentos e da alma, pensamentos vem e vão desconexos.

Não penso nada com fatos relacionados como se a alma tivesse embriagada.

Lá fora canários, tico-ticos entoam seus trinados.

O barulho do motor de um carro que passa apressado.

Tudo está modorrento. O som do silêncio se faz presente, ouve-se o bater de asas de uma mosca que quer sair pelo vidro transparente da janela.

Será que essa sensação é indício de solidão?

A boca ressequida por não tomar água, mas é maior a vontade de não fazer nada. Não me levanto. Apenas viro-me mudando a posição do corpo pois do jeito que eu estava, começava a incomodar.

O relógio no silencio da sala ouve'-se seu tiquetaquear, penso que horas serão agora, como se isso tivesse alguma importância.

Sem perceber coloquei-me a escrever um texto sem muito contexto , que possivelmente alguém irá ler.

Alguém que não conheço e também este alguém provavelmente nunca irá me conhecer.

Aborrecido comigo, aborrecido com a vida, aborrecido sem ter com que se aborrecer, há muito tempo este tem sido o meu jeito de viver.

Sem nenhuma razão vem você ao meu pensamento, eu vou evitar porque não quero pensar no que não vai ocorrer.

Para não me animar, para não te pensar, paro de escrever.

Penso comigo porque não consigo parar de viver.