Compaixão

Ano se despedindo. Não foi fácil. Ao menos para mim.Tivemos que nos reinventar. Nos reconstruir. Nos remodelar. O mundo virou de ponta cabeça. De repente , já não podíamos nos aproximar, nos cumprimentar, abraçar, beijar, nem os próprios filhos. Não mais que de repente , não podíamos sair. Viajar. Visitar amigos. Parentes . Ir à Igreja. Ir ao supermercado. À farmácia. Às praças. Caminhar livremente. Passear. Ir ao teatro. Trabalhar. Sorte de quem pôde se adaptar à nova realidade e trabalhar em casa. Porque, tudo inspirava medo. Insegurança. O vírus tolheu o que de mais sagrado conquistamos : a liberdade.

Sim, poderia dizer : não contraí o vírus , estou com saúde, graças a Deus! Mas e o resto do povo brasileiro? E o resto do mundo? Qtos dos nossos parentes contraíram? Qtos amigos, conhecidos, internados nos corredores dos hospitais, aguardando vagas na enfermaria, outros na UTI? Aguardando exames,? Sem respiradores, sem médicos , sem os itens necessarios de proteção? Sem testes ? Muitos Entubados. Em coma. Qtos morreram? Qtas famílias choraram seus mortos? À distância. Sem sequer poder dar um último adeus?

NÃO é de otimismo , gratidão que estou falando aqui. Falo de humanidade. Falo de solidariedade. Falo de empatia! De compaixão. Não posso dizer que o ano acabou bem porque estou viva e minha familia também. Quase 200.000 não estão!

Sim, sobrevivi, com a graça e a proteção de Deus. Seguindo rigorosamente os protocolos da ciência . Se tenho esperança? Sim, tenho. Se tenho fé? Sim tenho. Se tenho coragem de enfrentar o que vier, sim tenho. Mas não está sendo fácil. É vida que segue? É ano que começa? Sim.

Mas é , sobretudo, desejo forte de que a vacina seja liberada no país o quanto antes possível . Chega de complicação. De conluio.De negacionismo. De politicagem. Temos o direito à vida! Vacina já!