Com as corujinhas

Mais uma vez o encontro junto aos locais dos dormidos.

O viço, a juventude e beleza luz morena.

Tão-somente uma menina- mãe...

Pequena guerreira que jaz em meio a susurros e silêncios.

Tiro meus olhos que batem de frente com dois cansaços negros e insones.

Abraço dorido, demorado no reinado do proibido.

Solidão meu Deus!

Não encontro o terço benzido que tia Iodete me deu um ano antes.

E olho pras palmeiras altas, altas!

Imprescindível falar com Ele! Quase que sinto o beliscão de tia.

Penso então que essa matriarca recebeu junto a Ele, essa menina que vai indo . Ouço um lamento profundo.

Por doze anos , doze longos anos essa mulher de fibra e doçura nos poros jamais lamentou a ida da carne de sua carne, imagem e semelhança.

Ficamos as duas, enquanto segue a segunda alma verde, viçosa e bela, tão bela quanto a primeira que há anos não nos sorri.

Nossas meninas laboriosas, nossos jardins, nossas rosas.

E a palavra adeus, é muda nos murchos e rotos corações.

É sem voltas! Findo está, todo o vigor e esplendor dos alvos sorrisos...

É preciso abraçar, segurar e se sentir seguro humano ser, sob pena de um infarto da alma, um AVC das lágrimas, da necessidade premente de cuidar os nossos: os teus, os meus e os de todos.

A necessidade de não, jamais, deixar de existir por pouco que seja o tempo, e gritar de dor, e transbordar o amor, rimar com flor.

Só assim!

Requentada não, vida!

Um bom novo ano e um poético abraço!

Dorothy Carvalho

Goiânia, 30.12.2020

Para Cínthia Borges e Synara Borges

Em memória

Dorothy Carvalho
Enviado por Dorothy Carvalho em 30/12/2020
Reeditado em 02/06/2021
Código do texto: T7147407
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