UM DIA NO PAÍS DO FUTEBOL

Desde as 10 horas da manhã, ligado na TV, vendo a reunião da Anvisa. Momentos de esperança, de dúvidas, de temor e de satisfação. Ao final fiquei contente, pois uma luz apareceu na escuridão do túnel. Estarei na fila para receber a minha dose.

Infelizmente ao final da reunião o show midiático em torno das vacinas. Um quadro perfeito da situação em que está mergulhado o nosso país. Um desfile de ataques e jogadas mercadológicas para ocupar espaço na mídia em busca do gol. A faixa presidencial.

Fico imaginando Dória todo agitado, cercado por seus assessores, gritando: “providenciem imediatamente a pessoa-símbolo para tomar a primeira vacina! Que reúna todos os ingredientes do politicamente correto!”

E foram todos às ruas buscar o alvo desejado. Uma perseguição aos moldes d’O Dia do Chacal. Quem? Como? Onde?

No melhor estilo paulistano, entre “dois pastel e um chopes”, os assessores traçaram o check-list do politicamente correto: Mulher. Negra. Dificuldades financeiras para vencer na vida. Na hora de misturar os ingredientes a sugestão que provocou loas e alvíssaras: seria interessante que fosse enfermeiro e que já tivesse tomado placebo nos testes da vacina.

Misturaram tudo e deixaram para os algoritmos a decisão enquanto pediam mais uma rodada ao garçon. E antes mesmo que o moço da gravata borboleta colocasse as tulipas sobre as “bolachas” piscou na tela o nome da dona Mônica Calazans.

Certamente os torcedores do Mériquinha vibraram e lembraram do seu grande ídolo Calazans, o Jorge Alves Calazans, ex-ponta-direita negro do América do Rio, campeão carioca de 1960. Afinal, assim é o Brasil, o país do futebol. Decididamente!

Tudo se resolve como se fosse uma discussão em mesa de bar, analisando a marcação de um pênalti.