Não tem oxigênio, não tem vacina, não tem ajuda emergencial, mas tem bastante chicletes e leite condensado...

"Quis o destino que uma pandemia, que pode ser fabricada, nos atingisse no início do ano passado", disse o presidente durante almoço com cantores sertanejos e ministros em uma churrascaria ontem na capital do país.

Sobre ser fabricada ou não - acredito que não, mas isso não vem ao caso no momento, senhor presidente. O que nos preocupa é que ela - a pandemia de covid-19 – já matou mais de 220 mil pessoas no Brasil. Hoje, o país ultrapassou o marco de 9 milhões de infecções e, há uma semana, mantém média de mais de mil óbitos diários. Nos últimos sete dias, a média registrada de mortes pelo coronavírus foi de 1.049.

Preocupa-nos, também, o ano começar sem oxigênio, sem perspectivas de vacinação em massa, sem empregos, sem auxílio emergencial. Mas com a garantia de que chicletes, bombons, refrigerantes, leite condensado, incoerência, negacionismo, muita perversidade e falta de vergonha na cara não vão faltar ao governo.

Ao ver esses gastos superfaturados e com itens tão inúteis à saúde. Ao perceber o crescimento da pobreza, o desemprego, os hospitais lotados, as pessoas morrerem asfixiadas, o descompromisso com a vacina é como se ouvíssemos o presidente dizer novamente: "E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre", como disse, anteriormente sobre os mortos na pandemia.

Sinceramente não sei o que acontece em nosso Brasil... por que alguns representantes do povo ainda apoiam tal presidente e ainda tentam jogar cinzas sobre as brasas de suas falcatruas e irresponsabilidades. Mas, a brasa continua a fumegar e onde há fumaça tem fogo, um dia hão de descobrir que se não houve um esquema de desvio de verbas escondido em meio ao chiclete e ao leite condensado, isso pode indicar que o chefe de estado é mais insensível à situação do país do que parece: gasta absurdos enquanto muitos estão as vésperas da fome, da morte, de serem asfixiados pelo vírus.

Pensando bem, não sei se é insensível, irresponsável, perverso ou tudo isso junto.

Nalia Lacerda Viana 30 de janeiro de 2021.

FONTE

Consórcio de veículos de imprensa, baseado nos dados das secretarias estaduais de saúde.