Sociedade efêmera.

A humanidade sofre porque a pandemia obrigou a muitos a terem que se olhar.

E não gostaram do que viram.

Sem as distrações externas, alguns começaram a beber, e ter outras atitudes compulsivas de todo o tipo. Até o computador que para alguns já era vício, passou a ser fonte de procura de si mesmo.

Perdidos.

Todos.

Antes da pandemia nos tornamos uma geração de facilidades que nos tornaram fracas para se enfrentarem, para enfrentar as dificuldades.

Sofá macio, ar condicionado, controle remoto passeando pelos canais de TVs fechadas, pagas.

Comida na mesa, toda a pandemia, jamais faltou.

Luz, água, celular, o que se deixou de caminhar nas ruas, foram compensados nas academias.

As ruas ficaram para os mendigos e pobres que usam ônibus como transporte.

Aos abastados que optaram por não ter carro, bastava pegar o celular e em cinco minutos chegava um Úber limpinho, ar condicionado.

E continuamos a não nos olhar no espelho, não dava tempo. Estávamos ocupados com outras coisas.

Os pobres também não tinham tempo, a eles restava trabalhar o dia inteiro e exaustos, chegar em casa, tomar um banho e dormirem cansados e abatidos, para no dia seguinte recomeçar.

Mas os pobres olhavam a televisão, as novelas, os big Brothers, e também não se encaravam.

O brasileiro se perdeu de si.

Muitos iludidos foram por um maluco que sabe-se lá, se por obras dos deuses ou dos demônios, caiu de paraquedas na presidência para aproveitar-se do povo adormecido.

E que no início foi julgado tonto e burro, continua firme enganando o seu rebanho, que diminui à medida que a doença avança.

E foi neste povo amorfo que ele fincou seus tentáculos.

Povo que vocifera com a bunda no sofá, povo que aceita ser aniquilado, morto, devassado todos os dias.

Tudo porque poucos conseguiram procurar sua força na pandemia, muito poucos.

Olham no espelho e não tem nada lá.

Absolutamente nada. Uma geração líquida não suporta o peso de um invisível vírus.

Como E. O. Wilson, o grande biólogo, expressou de forma muito sucinta e correta: “Estamos nos afogando em informações e famintos por sabedoria."

Não temos tempo de transformar e reciclar fragmentos de informações variadas numa visão, em algo que podemos chamar de sabedoria. A sabedoria nos mostra como prosseguir. Como o grande filósofo Ludwig Wittgenstein dizia: “Compreender é saber como seguir adiante." E é isso que estamos perdendo. Não sabemos como prosseguir. Zygmunt Bauman

Jeanne Geyer
Enviado por Jeanne Geyer em 30/01/2021
Código do texto: T7172543
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