SOBRE A IDADE AVANÇADA. O MONGE.

Questionado, podemos,com relativa segurança, discorrer:

A velhice infunde medo e depressão?

Responde-se com clareza.

A velhice existe para alguns sendo indiferente para muitos quando aplaca o vigor e pacifica o espírito. Todos que nascem estão começando a caminhada da extinção. Só o tempo é soberano e permanece. E assiste nossa passagem.

Nessa quadra da vida, de avançada idade, os que tiveram a sorte de galgar o alto da montanha como seres caridosos, terão a grande visão da existência. Entenderá a idade avançada que vida e morte são dois estados de uma mesma razão; natural.

Só os que a percorreram intensamente sendo úteis, construindo, sendo iguais e perseverando no bem, na caridade, despojados de egoísmo, lutando e vencendo, ou ao menos se retiraram para a iluminação, poderão saboreá-la, extraindo dela os verdadeiros benefícios, usufruir seus ensinamentos e viver em absoluta paz e felicidade voltados para a luz do seu interior, imersos na chama do elo único que se aperfeiçoa na paz conquistada, amando.

Assim será possível para o ancião olhar o passado e rever a longa caminhada quando aos vinte anos se consagrava aos estudos e ensinamentos e aos trinta continuava firme, já então podendo entender o que estudou; divisar aos quarenta anos, a época em que afinou seus sentimentos, já restando poucas dúvidas sobre o existir, abrindo a porta aos cinquenta, de forma definitiva, de compreender os decretos do céu, possibilitando assim que aos sessenta, quase esgotado o caminho do entendimento, chegasse à compreensão, o mais alto grau do existir, incorporado dessa forma ser um receptor da verdade, culminando a jornada com a felicidade aos setenta, quando terá o coração acima do cérebro; tudo podendo fazer nessa cumeada, absolutamente tudo, sem violar o que é justo.

Abre-se a porta dessa frequência de poucos acessos, as altas frequências da ascese que descerram a certeza de espaços mais nobres, onde desponta o expurgo da ausência de serenidade, restando a vestimenta da roupagem mais pura, da compreensão, podendo compreender até mesmo a incompreensão, aceitando-a sem resistências, abraçando assim a conquista do valor máximo da vida terrena.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 03/02/2021
Reeditado em 25/10/2021
Código do texto: T7175701
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