O DIA EM QUE O MAR SE REVOLTOU

Fazia muito sol naquele dia, as pessoas se refrescavam esquecendo-se da vida.

Crianças faziam castelos de areia, sob a supervisão de seus pais, naqueles breves momentos o mundo parecia um lugar bom de se viver.

Tantos sorrisos, os gritinhos felizes,sim,tudo em maravilhosa harmonia.Será que alguma daquelas almas ali presentes imaginou, mesmo que remotamente o que estava por vir?

Certamente que não, pois se isso tivesse acontecido, hoje pelo menos uma daquelas pessoas estaria aqui para relatar o acontecido.

Tudo aconteceu rapidamente, o sol outrora brilhante deu lugar a nuvens escuras que como em um passe de mágica infestaram o céu.O mar que até o momento banhava a areia com suave maestria, começou a golpeá-la com grande violência.

Sorrisos se transformaram em expressões de horror e os gritos eram agora pedidos de ajuda.

Ele vinha como que em cavalgada, tão rápida era sua aproximação, não perdoou nada e nem ninguém,varreu tudo o que encontrou a sua volta,calando as vozes em agonia.

Quando se saciaria ele, ou sua fome por almas não teria fim?

Em suas profundezas jaziam tantos, mas mesmo assim ele ainda queria mais,e os veio buscar em terra, já não respeitando os limites impostos pela natureza.

Esse era seu dia de fúria, Poseidon estava revoltado e nada enxergou a não ser sangue inocente.

Então do mesmo jeito que veio a morte, assim também se foi levando consigo sonhos, lembranças e saudade, deixando somente devastação.

Agora uma calmaria se estabelecia em meio aos destroços, e o silêncio reinava.

Um silêncio palpável,um vazio, contrastando com a imensidão azul.Quem poderia acreditar que o agora belo oceano, se tornara a momentos atrás uma sepultura cruel,cheio de ódio,levando a dor para suas entranhas.

E quem está a salvo da fúria das águas, quando estas se revoltam?Quando estão insaciáveis em busca de almas despreparadas para levar a sua obscura profundeza nada pode dete-las.