TEMA PARA FUTURA CRÔNICA

O carnaval vem aí. Oficialmente começa na próxima sexta. Dizem que esse ano não haverá, por conta do corona. Mas como o feriado está mantido no calendário... Quem viver, verá. Se teve maluco festejando o réveillon, é provável que algum Simão Bacamarte saia por aí purpurinado, lançando confetes e serpentinas, exibindo para Momo as coxas brancas e os muques saudosos de academia. Repito: quem viver, verá. Tema para futura crônica (?)

Enquanto isso, o noticiário segue cinzento. Cinzento como este domingo que amanheceu chuvoso e frio, com raios e trovões. Noutros tempos, era bom domingo assim: eu me enrolava no cobertor e ficava o dia todo vendo os programas do Sílvio Santos. Hoje, me contento com uma ou outra série da Netflix. Que por sinal estreou na quinta A Cidade Invisível, que me conquistou o interesse. Tema para futura crônica (?)

Seguindo a trilha do noticiário cinzento, tivemos eleição na Câmara. Sai a bosta, entra a merda, como diria Juju Jubarte, uma colega de classe. Desbocada como ela só, Juju dizia a palavra exata, nas horas inexatas. Por isso perdia preciosos pontos no quesito disciplina. Hoje, Juju Jubarte seria considerada lacradora e empoderada; naquele tempo, era desbocada mesmo. Tema para futura crônica (?)

Revirando os jornais: o desemprego segue em alta; o preço dos gibis está nas alturas; o combustível vai aumentar; as aulas presenciais voltam e não voltam; Fernanda Montenegro e Lima Duarte se vacinaram sem medo de virar jacaré; no planalto, prorrogarão o auxílio emergencial; Zé Gotinha faz trinta e cinco anos justamente quando a vacinação anda tão desacreditada. Temas para futuras crônicas (?)

Difícil se inspirar. E sem inspiração, não dá para escrever um poema. Diz Oswald de Andrade: mas não há poesia/ num hotel/ mesmo sendo/Splanada/ ou Grand-Hotel. O mundo virou um grande hotel desanimador, de paredes insípidas e broxantes. Para aliviar as tristezas e colorir o domingo que antecede a folia momesca, só mergulhando na poesia modernista. Tema para futura crônica (?)

A chuva cai lá fora (ainda bem, se caísse aqui dentro eu teria que gastar para tapar as goteiras) e vamos com Oswald para fechar esta crônica sem pé e sem cabeça: Há poesia/ na dor/ na flor/ no beija-flor/no elevador.

P.S: prezados leitores, prometo que a próxima crônica virá mais elaborada. Ao menos, terá pé e cabeça.

Raphael Cerqueira Silva
Enviado por Raphael Cerqueira Silva em 07/02/2021
Código do texto: T7178577
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