FAMILIA: ROCHA NOGUEIRA

A família é a mais antiga instituição social criada pela humanidade

A estruturação das famílias foi a maneira que o ser humano encontrou para viver de forma mais segura.

Ainda no principio da humanidade, o modelo patriarcal consolidou-se como o modelo básico familiar. Chamamos de patriarcal a família chefiada por um homem (o pai) que se torna o provedor.

Nos dias de hoje, podemos encontrar famílias mais tradicionais, que seguem o modelo patriarcal, mas também encontramos muitas famílias que não são mais compatíveis com este modelo.

A família Rocha Nogueira tem como matriarca a irmã da minha mãe Fidelcina Rocha, a querida “tia Sil”. Mulher de muita simplicidade e perseverança que sempre se manteve fiel as suas convicções, carregando consigo a doçura e a calma com sua fala mansa sem alterar a voz.

O seu patriarca o Sr. Osvaldo Nogueira Tolentino, o saudoso “tio Osvaldo” homem de muita determinação e carisma que tinha como marca os seus jargões, muita força e coragem na lida dos carros de bois, plantação de algodão e muita eficiência na labuta com gado leiteiro.

Desta união nasceram sete filhos sendo seis homens e uma mulher, cada um deles com sua particularidade. Devido as crises da seca que aconteceram em nossa região, eles tomaram a decisão de saírem em busca de uma vida melhor na cidade grande, mesmo sendo todos apaixonados pela lida do campo e a labuta da roça, onde viviam as experiências da convivência comunitária com a família em uma propriedade rural onde avós, tios, primos, todos moravam e trabalhavam juntos como se fosse uma tribo. Mas infelizmente as crises acabaram separando e levando a maioria dos Rocha Nogueira a cidade de São Paulo e depois as cidades do interior do mesmo estado, onde constituíram família sem nunca esquecer cada momento vivido na Vila de Santana, Comunidade de Pilão e fazenda Caraíbas.

E esta necessidade levaram os filhos a romper com este modelo patriarcal, mesmo ainda jovens eles assumiram um desafio complexo de deixarem a vida pacata do interior saindo de uma zona de conforto para viverem em um lugar desconhecido com pessoas estranhas, ter que buscar um emprego. Certamente as surpresas, os obstáculos que tiveram que enfrentar sozinhos ou na companhia de amizades recentes foram imensas, tendo que conciliar a parte mais difícil da convivência, saudade da casa, do abraço dos pais , dos avós, dos tios, dos primos e amigos. Não ter roupa lavada, comida no prato sem ter que fazer nada.

Foi este ambiente de incertezas, desafio e saudade de casa que cada um deles tiveram que enfrentar para sobreviverem na cidade grande e se estabilizarem.

Dorisvaldo a quem chamamos carinhosamente de “Alemão”, que debandou ainda jovem para a cidade grande sem nunca esquecer suas origens, pois a cada oportunidade que surgia e surgi até hoje ele não titubeia em vim rever a sua terra natal e todos seus familiares e amigos que aqui ficaram, fazendo questão de abraçar e relembrar tudo que vivemos juntos aqui nas brincadeiras de infância, nas brigas da escola, das histórias do seu vô Zeca Nogueira, padim vei e dos tios Antônio e tia Maria.

Demevaldo: aquele que mas guarda na mente cada acontecimento vivido aqui nos mínimos detalhes sem esquecer as particularidades, sempre com o sorriso no rosto, lembra de cada tombo que levou dos cavalos ou quantas vezes retirou leite das cabras e das vacas acompanhando seu pai, das pescarias no córrego na época das enchentes, dos dentes de leite arrancados por padim vei, sem esquecer da lenda ao jogar o dente fora dizendo: “mourão, mourão toma seu dente podre e me dar um são”, conversar com os andarilhos que transitavam pela estrada, pegar um copo de água para a senhora Emiliana ou servir um prato de comida para a senhora Benedita de Sabino que saboreava várias pimentas como se fosse uma verdura.

Adevaldo: um jovem paciente que desde sempre sabia como ninguém manter a calma sem se exaltar até quando alguém falasse mal do seu time de coração. Clube Atlético Mineiro, ou simplesmente “Galo” sem importar com sofrimento, mesmo indo morar em outro estado esta sempre com a camisa do Galo e demonstra a sua paixão pelo time, quando volta a terra natal faz questão de rever a todos e demonstrar todo carinho pelas pessoas.

Geraldo: aquele que passou algum tempo com idas e vindas. Atualmente tem residência em Espinosa, mas que semanalmente visita A Vila de Santana, os amigos e familiares e está até construindo uma casa na fazenda Caraíbas, onde sempre relembra cada momento vivido as histórias do tiziu, caga sebo e cambito bater caixa, vividas nas caçadas e pescarias a beira da lagoa da Santana.

Maria de Lurdes: a única filha mulher, mas que também foi pra cidade grande e até hoje reside, mas sempre que tem a oportunidade volta a terra natal para reviver memórias da sua infância e os amigos da escola Virgínio Cruz no bairro alto São João onde morou por um tempo depois que mudou da fazenda Caraíbas, Vila de Santana.

José Nogueira (Zezinho) : este já nasceu na cidade e não conheceu a lida do campo. Infelizmente por problemas de saúde apesar de ter lutado pela vida, nos deixou e subiu para o andar de cima muito jovem.

Roberto: ou simplesmente Ró, também nasceu na cidade sem ter conhecido a convivência no campo, pela sua profissão acabou se aproximando de forma indireta da lida da roça e conhecendo tudo aquilo que foi vivido pelos seus pais e irmãos na vida da roça.

Seja na família patriarcal ou em novas formas de convivência familiar imposta pelas circunstancia da vida, quando cada pessoa cumpre seu papel as coisas se encaixam e a família funciona com equilíbrio e prosperidade.