Na pressa é assim

Assim canta Marília Mendonça: "Eu me apaixonei pelo que eu inventei de você." E quase sempre nós temos inventado a vida bem diferente do que ela é. De tal forma que se nós a descrevêssemos para outra pessoa, essa ficaria estupefata.

A pessoa pela qual costumamos nos apaixonar é, em parte, o reflexo da nossa carência, na nossa falta de habilidade em nos deliciar com a nossa própria companhia. E nossa própria conpania somente pode ser tornar interessante para nós se nós formos pessoas com conteúdo, uma pessoa de verdade que seja algo além de ser alguém. Que seja algo muito especial para o lugar em que vivemos. Pela utilidade que tenhamos. Porque embora a sociedade, de um modo geral, valorize a aparência, a forma, a nossa essência grita loucamente para se fazer valer. A futilidade nos leva a uma enorme tristeza. O vazio de uma vida sem sentido nos leva a buscar sentido na conpania de pessoas que não existem, que nós pintamos com a tinta de nossa imaginação.

Em parte é isso. O que significa que não é somente isso. Se o sentido da vida é despertar a divindade que somos, fazer brilhar nossa luz através do conhecimento que venhamos a adquirir ao mesmo tempo que usarmos esse conhecimento para iluminar outras vidas, o máximo possível delas, temos ainda a necessidade de uma compania de alguém que seja ao mesmo tempo igual e diferente de nós.

Igual no sentido de ser alguém igualmente comprometido em despertar todo seu potencial de gente, de ser humano realmente digno desse rótulo. E diferente porque ninguém é igual a ninguém. E, principalmente, porque são os diferentes que nos lapidan. São os únicos que tem a capacidade de nos fazer melhores. De nos ensinar lições que estão além da nossa individualidade.

Mas vivemos com pressa. Não saboreamos a conpania das pessoas que se aoeocimam de nós. Na verdade nós a engolimos, não nos permitindo o tempo necessário para as conhecer. E depois jogamos a culpa nelas, que algumas vezes até vestem, de fato, uma máscara. Mas a responsabilidade de nossa felicidade é nossa. Por isso é nossa a obrigação de proteger o nosso coração, a nossa alma.

Outras vezes, na maioria delas, as pessoas apenas são o que são. Sem a intenção de nos enganar. Na verdade vivem dando grande mostra do que são de verdade.

Mas.na pressa, é assim. Vivemos printando e nos apaixonando por pessoas que não existem. Na pressa nós desperdiçamos a nossa melhor ferramenta na construção de nossa felicidade, o tempo