Carnaval sem folia

Já faz 41 anos que eu vim ao mundo. Era 27 de julho de 1979. Foi o último título nacional do Internacional, foi a fundação do Partido dos Trabalhadores. Foi o ano que o Ferroviário foi campeão Cearense de futebol. E nesses anos que estou no mundo passando aqui uma temporada no corpo de Carlos Emanuel, eu nunca vi um período como esse sem folia.

Na sexta-feira igual a essa já estavamos nos desfiles das escolas de samba de São Paulo. Em Salvador, os blocos já estavam nas ruas faz tempo. Em Olinda e Recife os bonecos gigantes estavam se preparando para sair nos blocos tradicionais.

Na minha amada Fortaleza já estávamos olhando a agenda para decidir aonde ir. Mercado dos Pinhões? Praça da Gentilândia? Polo da Praia de Iracema? A alegria já contagiava a todos. Tinha aqueles que iam ao interior do Estado para Aracati, Praia do Presídio, Prainha, Camocim e tantas outras cidades festivas.

Mas hoje todos nós estamos de máscaras, mas não fantasiados e sim protegidos, sem aglomerações, dentro de casa trancados e escondidos com medo do vírus.

Nem um beijo de carnaval será dado, nem uma paixão de folião acontecerá. Nem uma música nova iremos aprender. Não existirá ritmo contagiante. Não haverá purpurina, nem glitter. Nem existirá encontros e nem despedidas.

Não haverá ressaca, não haverá bêbados alegres. Nesse periodo, não teremos, nem choro e nem vela. Enquanto o folião dentro de nós grita enjaulado, preso, temos que trabalhar normalmemte, temos que fingir que estamos bem. Temos que sorrir e não dizer a ninguém o quanto necessitamos dançar, se danar, se aglomerar. Mas do que comida na mesa, do que o banho, o ar que respiramos, precisamos bailar um samba na Avenida Domingos Olímpio, um bate tambor do maracatu.

Mas temos que ser respeitadores da quarentena, do locdown, respeitar as mortes que aconteceram do último carnaval para esse. Vamos então ligar a TV. Ligar no You Tube e ver as Lives de folia. Beber em casa mesmo, sozinho. Preferimos mesmo isso, se acostumamos a passar meses assim. E pior do que não brincar o carnaval é não podemos mais viver a nossa normalidade.

Carlos Emanuel
Enviado por Carlos Emanuel em 12/02/2021
Reeditado em 12/02/2021
Código do texto: T7182596
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