a tudo que me encha de bem

O tempo desenha sutilmente na nossa pele. Carinhosamente marcando as linhas de tudo que a gente vai vivendo: chorando e rindo, e por mais que tenhamos essa humana falha de não se aceitar com frequência, confesso que não refletir sobre isso é impossível para pessoas com a profundidade que carrego – e disfarço. Ou pelo menos tento, já que conhecemos grande parte das pessoas apenas no raso, e temos medo de mergulhar.

Há dias que busco escrever um texto que não dói e penso nisso quando sinto o aroma de café, lembro do perfume que um certo abraço tem e penso em mim há alguns anos atrás. Qual o cheiro da criatividade? Em algum momento da vida já fomos mais sonhadores e acho bonita cada fase, mas nos últimos tempos temos recebido notícias de alguém que se foi quase todos os dias, e nem minhas lembranças mais doces impedem de não doer. Pessoas que partem de alguém por circunstâncias da vida ou da morte, e não por opção.

Acho que é por isso que tenho tentado abraçar a mim mesma como posso. Leve, sem pressão, pressa ou rigidez. E tento estar atenta a tudo que me encha de bem. Sigo alimentando aquela que sonhava: Por uma era sem Trump’s, negacionistas, frieza, distanciamento e saudade, mas com institutos butantan’s, carinnho de avô, companhia, risada alta ... essa é a ferida viva do meu coração.

#TextoDeQuinta

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 18/02/2021
Código do texto: T7187454
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