Da janela
Da janela, fito a linha do horizonte e me encanto com a moça que passa, esnobando talento, beleza e elegância, fazendo da calçada a passarela que também passa. E, também, da janela, muitas das vezes, fico intrigado com as confusões dos vaivéns do trânsito que, apesar de suas utilidades, poluem o meio ambiente, estressam e ameaçam a durabilidade dos nervos humanos, nem sempre de aço.
Por outro lado, da janela, este simples e humilde escrevinhador de “croniquetas”, mais propriamente no tocante à qualidade da escrita, lá se encontra, com seus conteúdos, entre uns rabiscos e outros, seguindo e expondo as suas intenções e percepções da realidade, da maneira como a percebe no dia a dia. Pequeninos detalhes do cotidiano, ainda que insignificantes ou inúteis, mas com o proveito que mereçam ter.
O certo é que da janela, temos oportunidades de pensar, de sentir, de escrever e de reescrever a realidade; de conversar com as estrelas e de entendê-las e de compreendê-las em nós; de percebermos a força do sol e o brilho da lua; de recebermos a visita da brisa e do vento; de ouvirmos uma prece e o som de uma viola enluarada e o canto das vozes, do povo oprimido, clamando por tempos melhores, por um mundo mais justo e mais humano, onde as euforias carnavalescas vão dando lugar à inclusão, tornando mais equilibradas as relações sociais, reduzindo as desigualdades que ainda vigoram aqui neste país e mundo afora.