A vassoura ética da política brasileira

Em tempos de pandemia e distanciamento social, a vida doméstica ganhou uma importância obrigatória. Sabemos o quanto o espaço doméstico tem seus dramas. A limpeza é um destes dramas. Ninguém merece rotina mais desgastante. No entanto, a limpeza nos permite refletir sobre a política brasileira atual. Hoje, limpando o apartamento, um pensamento absurdo me veio a cabeça durante essa ingrata tarefa doméstica. A vassoura, como sistema ético, se parece com a cultura ética da política brasileira. Sempre aparece alguém com a promessa de limpar a política da corrupção utilizando este objeto arcaico. Mas, como sabemos, a vassoura não é tão eficiente na limpeza, ela acaba espalhando parte da sujeira para outros ambientes da casa. Geralmente é uma sujeira invisível que passa desapercebido aos nossos olhos. A política brasileira também se utiliza de varrer a corrupção, no entanto, como a vassoura ética não é muito eficiente, a cultura dos negócios ilícitos no ambiente político permanece sujo. Com o sistema ético da vassoura, a corrupção sempre se espalha de um lugar para outro no ambiente político. Neste sistema arcaico, os políticos corruptos continuam na política mudando de partidos e de domicílio eleitoral. Nosso sistema ético político não consegue retirar a sujeira, os políticos corruptos apenas se espalham e depois reaparecem no cenário público novamente. Nada eficiente. Talvez um sistema ético político do tipo aspirador de pó pudesse ser mais eficiente. O aspirador não espalha a sujeira, ao contrário, ele aloja em um recipiente com eficiência. Precisamos de um sistema ético político com a eficiência do aspirador de pó, ou seja, ele deve retirar os políticos sujos com eficiência do ambiente político de maneira que não haja mais o retorno desta sujeira e nem o seu espalhamento. Eu sei, foi um delírio meu nas minhas atividades domésticas. Tais devaneios me distrai da rotina.

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