carta aberta à todas as pessoas que foram embora sem avisar

Um dia você me pediu pra ser leve e inevitavelmente fiquei tentando entender como é ser leve carregando o peso da indiferença. Eu não sei, mas talvez você saiba. Achei cruel exigir que as pessoas enxerguem o mundo com os teus olhos para ser alguém gostável, apaixonável e o escambau. Eu que sempre achei mais encantador justamente o fato da agregação – deus me livre da monotonia. Cruel, para não dizer egoísta, embora eu apenas finja não acreditar que a base do encantamento, é a ignorância.

Esses dias uma pessoa me disse que poderia elogiar meu fenótipo com certa justiça, mas que as minhas curvas cerebrais eram igualmente incríveis. Obviamente um elogio diferente, mas que me levou a pensar nessa questão de como cada um vê uma coisa. O universo certamente ainda não viu em mim esse potencial e nem você. É triste pensar que alguém sai da vida de outro da forma que você escolhe sair, sobretudo quando você foi sempre a pessoa que pedia pra voltar. Desculpa, está bem difícil pra mim aceitar que você é como os outros e o silêncio pode ser tão doído quanto essa mágoa. Assumo: me arrepender dessas palavras, é um sentimento que almejo ter – fuga pra mais essa decepção.

Você fez questão de dizer que nada é para sempre, mas eu não sei o que é “para sempre”. Não sei se ele existe, quando começa, até onde dura ... se dura. A única coisa que tenho certeza é do meu agora. De viver e demonstrar tudo que estou sentindo hoje. E no meu agora, eu estaria batendo aí na sua porta. Estaria suando no teu abraço. Colocado uma mochila nas costas e subindo alguma montanha ou escrevendo numa paisagem linda. Te dando bom dia. Molhando meus pés no mar. Tudo assim. Com ponto. Como se não houvesse o depois. Não me jogue na cara as incertezas do para sempre porque eu nunca te pedi nada disso. Eu sou agora.

#TextoDeQuinta

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 25/02/2021
Reeditado em 25/02/2021
Código do texto: T7192813
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