A menina do livro

SUBI TRÊS LANCES DE ESCADA. E parei.

Respirei fundo.

Observei tudo em minha volta. Depois de alguns segundos, encontrei minha sala.

Sentei na ultima cadeira, na fileira que ficava do outro lado da sala. Novamente, olhei tudo em minha volta e, aparentemente todos estavam indiferentes a minha presença.

Aos poucos, como em qualquer processo de iniciação, fui me familiarizado com tantos rostos, vozes e atitudes. E até aquele momento não conheci ninguém com o mesmo "tom" que o meu: - o da imaginação, é claro!

Demorei para decorar os nomes dos professores, as disciplinas; para fazer amigos e até mesmo, acostumar com os lances de escadas. Elevador nunca foi uma opção, porque, nunca me acostumei a ficar em lugares pequenos, pois, sinto-me desconfortável e, sem ar. Talvez, seja por isso que não adentro o coração de ninguém. Não sei!?

E assim, foi o primeiro (solitário) mês: - observando!

Não fazia outra coisa em relação aos meus colegas a não ser observa-los. Entretanto, isso me permitiu enxergar cada um deles como se fossem personagens de uma novela. E dessa forma, comecei a querer me afastar ainda mais de alguns.

E foi de tanto observar, que acabei encontrando-a: - "A menina do livro". Logo notei que, ela lia "Alice no país das maravilhas".

A menina do livro, cujo o nome ainda não havia gravado, era participativa nas aulas, chegava cedo, estudava na biblioteca e, recebia notas altas como recompensa de sua dedicação. ELA no início, EU no fundo da sala; dois personagens, uma história, e nenhuma explicação das origens.

Ao fim do semestre já havia falado com todos, mudei de opinião em relação a alguns; com outros, tive certeza que deveria me manter longe; e com poucos, nunca desejei me afastar e, não o fiz!

E a menina do livro? (Pergunta-se) Já bebi com ela uma vez. Ainda tocamos mensagens, somos amigos, e a história simplesmente não tem fim.