Última rotina diária

O medo me toma. Esse sentimento que me trava pelas pernas, e que passeia pelo meu corpo. Não queria ter medo nesse momento, não agora. Havia muita coisa dependendo de mim como nunca dependeu: uma vida. A vida do meu progenitor, meu coração batia mais forte, minha pressão oscilava a cada segundo de pensamento. Só tento fazer o que deve ser feito. Tudo isso me corrói indescritivelmente, como se fosse mil pancadas que me atordoem e fazem me perder no meu próprio “eu”. Seguro o mundo como atlas com todo meu vigor, mas o tic tac da ampulheta permeia a minha mente com um passado que não passou. Muito novo para agir com tal maturidade e velho demais para se comportar como jovem. Tic tac. Amor fati? Tic tac. Atravesso essa sina escura como da mesma maneira que um homem atravessa uma igreja vazia.

Salomão Araújo
Enviado por Salomão Araújo em 05/03/2021
Código do texto: T7199498
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