NO PROVÃO DA VIDA

“A vida é feita de provas, e testes!”

Muita gente acredita nessa afirmativa. Se ela for verdadeira, o que prova? E como prova?

Esse meu questionamento começa quando fui fazer uma prova, dessas de avaliação...

A matéria era matemática, (o meu maior pesadelo, já que não costumo funcionar com idéias fixas e suas regras, sou mais do tipo abstrato, onde podemos criar, inovar...) e definitivamente, matemática não era minha matéria favorita.

Mas me pus a tentar, o lema era se jogar, arriscar e experimentar! Não custava nada, nem bomba eu levaria no final. Então eu fui...

A prova não era muito longa, mas as questões eram trabalhosas, muitas regras, fórmulas e números!

O professor já estava louco para se mandar, e perguntava aflito:

- E ai Brother, ta difícil?!

Eu olhava para a prova pela metade, para o professor e levantava uma sobrancelha sem saber o que dizer...

Fui fazendo, pelo menos nos resultados finais eu estava chegando, mas se estavam corretos, essa certeza eu não tinha!

Ao acabar me levantei e entreguei a prova... era só esperar ele corrigir.

Sua mão foi descendo, marcado com a temida caneta vermelha, e ele então disse:

- Nove e meio... - uma pausa procurando meu nome. – Thiago, muito bom!

Não conseguia acreditar, EU?! Com uma nota daquela, quanto a prova valia... 100?

Mas a verdade era que valia dez mesmo, e eu só tinha errado meio ponto. Essa era uma grande novidade no meu currículo.

Ao voltar para casa com um brilho todo especial, me perguntei o que tinha acontecido com o garoto que não acreditava em provas!

Que elas não podiam avaliar nada, já que há milhões de caminhos e entrelinhas, como nervosismo, ansiedade, medo e outros sentimentos e angústias que podem nos influenciar e até nos limitar, passando no meio do caminho, que um simples teste escrito, num único dia, não podia avaliar se de fato sabíamos a matéria ou não!

Porém, eu não conseguia negar o quanto meu ego estava massageado... era um nove e meio, em matemática, minha pior inimiga!

Talvez meus conceitos tivessem mudando, talvez ser avaliado não fosse tão ruim assim. E com esse nova possibilidade em mente, novas perguntas clarearam minha mente:

E a nossa vida? Qual seria a nota que eu daria pra ela... e será que dar essa nota caberia a mim?

Se a resposta fosse sim, eu não saberia dizer, há tantos caminhos nesse labirinto chamado vida... que provavelmente eu ficaria confuso. Mas me pus a tentar...

No trabalho, o que apontava se receberia um 0 ou um 10? Talvez o tamanho do seu salário? Ou a satisfação de estar realizado? Pense nisso...

No meu caso, seria eu gostar do que escrevo? Ou ter muitos fãs e livros publicados? Talvez fossem as duas opções juntas, e se não conseguimos esse resultado, o que aconteceria? Levaríamos bomba, no jogo da vida?

Ah, nos relacionamentos também, quando um relacionamento termina, significa que não fomos bons o suficiente? Que falhamos no meio do caminho? E o resto, o antes de tudo terminar? Será que não conta, os momentos felizes, as noites quentes de amor, de intimidade?

O resultado desse teste deveria mesmo ser avaliado se fomos felizes para sempre, (10) ou não, ou mais um erro que chegou ao fim (0).

Não me parece justo pensar assim, acho que se parasse por aqui, muitos iriam achar que eram péssimos alunos, e suas vidas iam para a recuperação, ou não, talvez repetissem de ano, e só tentariam recuperar a “nota” numa próxima vida.

Mas como disse, há muitos caminhos, um deles é o sexo. Todos nós gostamos de dizer que somos bom de cama... é quase que unânime.

Mas será que somos mesmo? O que avalia?

Se o seu parceiro ou parceira tiver um grande orgasmo, significa que você é um grande CDF?

Talvez sim, talvez não, já que uma vez ouvi uma frase que no mínimo é intrigante, ela dizia algo como, que fazemos sexo com nós mesmos.

Eu não sei quanto a você, mas ao ler isso, cheguei a uma idéia curiosa, que não importa o quanto o toque do parceiro(a) seja delicioso, ou seu currículo seja mais pesado do que estudar na PUC, já que no final das contas tudo começa e termina com nós mesmos. Lógico que estar com alguém que sabe das coisas é ótimo, e saber também é muito bom, só que isso não determina nada, já que prazer começa pela cabeça. E se a pessoa que divide aquele momento não estiver relaxada, tranqüila, ou à-vontade, acredite, você pode ser o guru do sexo, que não vai ser bom.

Mas a vida é algo muito mais do que profissão, relacionamentos e sexo.

Ela é o seu dia a dia, e nele há uma teia de fatores que podem te alegrar ou até mesmo te entristecer.

Por isso, volto a não acreditar em testes ou provas, não importa o resultado no final, eles são sempre relativos e podem mudar a cada tentativa.

Com isso chego à conclusão que não temos como avaliar a nossa vida, dar uma nota, não seria justo com ela, pois é uma coisa muito grande, que se transforma e se modifica cada dia vivido. Não vamos limitá-la numa média ou numa nota vermelha.

Como dizem:

“Vivendo e aprendendo”...