Padrões da Realeza

Não que eu me interesse pela família real britânica ou ilusoriamente acredite que deva me preocupar com o que acontece dentro e fora de Buckingham daqui da posição geográfica em que estou. Sobretudo quando no meu aqui, está faltando oxigênio, vacina e liderança. Mas confesso que sempre me agradei mais do príncipe Harry justamente por ele ser mais despenteadinho. Isso certamente significaria alguma coisa.

Quem somos nós, brasileiros, para nos fazer de bons moços e criticar o racismo da coroa, lá no outro hemisfério? Isto é, quem pensamos que somos para ter o direito de apontar esse dedo quando deixamos os próprios filhos dessa pátria morrerem pela cor da pele ou gênero? E aqui eu mesma já me corrijo: racismo e preconceito devem ser criticados e combatidos sempre e em todo lugar desse planeta, entretanto é preciso olhar pro próprio umbigo, né mores?

Príncipe Harry (se ainda posso chama-lo assim) fez dos acontecimentos um conto de fadas da modernidade. E muito mais real do que aqueles em que as princesas estereotipadas cantam com os passarinhos e sofrem até conhecer o homem que irá salvá-la de uma vida medíocre. A união com Meghan foi assunto na mídia desde o início também por fugir um pouquinho dos padrões da realeza.

Muito longe de santificar o casal, afinal apesar de não ser a pessoa mais indicada para falar sobre isso, não posso afirmar até onde tem marketing e interesse pessoal ou não, mas ninguém discorda que foram minimamente corajosos. De certo modo, é bom que todos vejam e se recordem como de fato se dá a separação casa grande e senzala - ainda que sutilmente velada atualmente - presente desde os primórdios nas monarquias e a herança deixada em diversos regimes, não é mesmo?

De uma coisa estou certa: a pessoa de bem com seu cabelo despenteado, sempre tem algo corajoso a dizer.

#TextoDeQuinta