Vulnerável Sim. Hoje estou vulnerável.
Como pássaro distraído fazendo pose para a mira do caçador.
Como criança no parque com o olhar perdido no meio da multidão.
Como cego atravessando a rua contando com a sorte.
Como quem ao procurar o ultimo gole, sente que na verdade o líquido já acabou.
Como quando se chega tarde ao teatro e os portões estão fechados, porque se errou o dia da peça e não o horário.
Como pés descalços na cozinha onde se quebraram copos de vidro a pouco. Como quem acorda a 06:00 da manhã no domingo, pensando que é segunda.
Como quem perde o ônibus a noite e nota que está só na parada.
Como quem grita no meio da multidão o nome de um conhecido, que os olhos mentiram que estava ali.
Como quem escolhe entre duas filas e depois de horas, descobre que devia estar na outra ao lado.
Como a criança que acaba de nascer na rua, ali no banco da praça onde sua mãe faz morada.
Estou vulnerável aos teus olhos, aos teus julgamentos e teus porquês. Ainda que aqui eu seja só mais um texto (sem muitas pretensões).
Eu sei bem que tu me olha com estranheza. A estranheza de quem lê alguém que escreve só porque está vulnerável...
Sim. Hoje estou vulnerável.

Enviado originalmente em 26/07/2018 Código do texto: T6401290