Quintal da vovó

Lá têm mil coisas a explorar...

Os jardins e canteiros, na verdade, são vastas florestas com caminhos estreitos e clareiras enormes...

Sou amigo dos bichos e plantas, ando por tudo e conheço todos os perigos, embora, para desespero da mamãe, nem me importe com eles.

Lá sou rei, sou leão.

Domino todas as matas, faço chover nas plantas e flores, com a mangueira da vovó.

Sinto o vento em meu rosto e já o reconheço quando o vejo abraçando as árvores, que tremem em seus braços.

Braços de vento que me abraçam também, refrescando-me do verão.

As torneiras que ali estão, quando abertas por mim, transbordam como cachoeiras, rios e mares...

Crio inundações ao abri-las. E navego nas águas que fiz.

Obstinado que sou, subo em montanhas e pedreiras, aproveitando qualquer distração da mamãe.

Ah! Os adultos nada entendem...

Eles teimam em dizer que as minhas pedras são cadeiras e mesas, e que minha imensa montanha serve de escada para eles.

O quintal da vovó é minha passárgada.

Espaço mágico, onde faço artes e aventuras.

Eu sujo de tinta o quintal da vovó,

Viro tudo de pernas para o ar,

Por onde passo deixo o rastro de bagunça que só sabe fazer quem é verdadeiramente feliz