O viver

Tenho dúvidas sobre mim. Desde minha ida de casa até o trabalho, tenho medo de quem eu sou. Sinto como se todos olhassem para mim, é um sufoco sem fim. Crio várias paranóias: “Sou eu?” “Algo que estou usando?” “Meu cabelo?”. Por qual motivo tudo isso, era meu pensamento diário sem resposta clara. Angústia desenfreada cresce. Meu peito aperta e tento controlar minha respiração. Nesse ônibus, longe de casa e sem conhecer ninguém. Tenho medo até de alguém tentar me ajudar e se aproveitar de mim, por isso que quando comecei a chorar tentei não fazer nenhum barulho, tenho medo de incomodar, olhei para baixo e chorei ao silêncio da fala de vários. Tento me acalmar e olho para janela lateral, vejo uma igreja como um sinal de esperança e conforto para aquela senhora que carrega seus terços em mãos, eis uma mulher de muita fé. Vejo um muro branco pichado com cores mórbidas “seja sua própria revolução” como impulsionador para luta de muitos. Vejo um vôo de pássaro, e penso sobre como deve ser a liberdade do céu. Com o tempo depois de várias paisagens na janela, me acalmei com todo esse cotidiano e diversidade. Chego em casa e dou um suspiro forte de alívio depois do longo dia, ou dia longo que tive. Realmente, a instabilidade da vida esse paradoxo do bem e do mal: viver. O “eterno retorno”: cair, levantar, cair de novo e levantar de novo, faz sentido ao meu ver. E que para estarmos vivos, temos que morrer um pouquinho. É necessário ver e fazer coisas que nem sempre são agradáveis com uma finalidade de realmente aprendermos a viver.

Salomão Araújo
Enviado por Salomão Araújo em 25/03/2021
Código do texto: T7215696
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