Engenheiro de ninhos
A vida dos passarinhos não é fácil e a empatia que tenho por eles impulsiona meu desejo de ajudá-los.
Tempos atrás, bati um prego na parede, passei um arame em sua volta e nele prendi os primeiros galhos do ninho que um passarinho tentava inutilmente construir no alto de uma coluna. A base ficou ótima e a obra teve continuidade. Senti-me coautor daquele ninho.
Ideia bem melhor foi a da minha mulher: ela fez a doação de um cachepô de suas plantas para um possível ninho, uma casinha pré-fabricada. A oferta foi aceita pelos passarinhos. O interessante é que os ninhos estão sendo reformados (pelos passarinhos) e reutilizados. Ainda bem que não exigem casa nova.
Para o joão-de-barro nem dou palpite. A tecnologia dele é muito complicada. Mas, indiretamente, recebe ajuda, sim. Minha mulher não se importa que ele revire os vasos de suas plantas para, de lá, retirar a terra molhada de que necessita.
Entretanto, ultimamente ando meio reticente com minhas intervenções não solicitadas. Às vezes tento ajudar plantas e bichos e minha ajuda fracassa. Às vezes tento ajudar pessoas, e também fracasso.
Não quero para mim a tentação que passou pela cabeça do Américo Pisca-Pisca, da fábula de Monteiro Lobato, O Reformador do mundo. Estou até me afastando das atividades de engenheiro de ninhos. Concluí que algumas ideias minhas não foram boas. Os dois ninhos da varanda, por exemplo, ficam muito colados na laje, onde faz muito calor, o pobre pássaro passa as horas de maior calor com o bico aberto, olhando para o teto. Protegidos dos gatos, das corujas e dos saguis, mas com muito calor.
Enfim, reconheço que deve haver um limite para a invasão de territórios alheios. Às vezes a melhor ajuda consiste em não atrapalhar.
Ideia bem melhor foi a da minha mulher: ela fez a doação de um cachepô de suas plantas para um possível ninho, uma casinha pré-fabricada. A oferta foi aceita pelos passarinhos. O interessante é que os ninhos estão sendo reformados (pelos passarinhos) e reutilizados. Ainda bem que não exigem casa nova.
Para o joão-de-barro nem dou palpite. A tecnologia dele é muito complicada. Mas, indiretamente, recebe ajuda, sim. Minha mulher não se importa que ele revire os vasos de suas plantas para, de lá, retirar a terra molhada de que necessita.
Entretanto, ultimamente ando meio reticente com minhas intervenções não solicitadas. Às vezes tento ajudar plantas e bichos e minha ajuda fracassa. Às vezes tento ajudar pessoas, e também fracasso.
Não quero para mim a tentação que passou pela cabeça do Américo Pisca-Pisca, da fábula de Monteiro Lobato, O Reformador do mundo. Estou até me afastando das atividades de engenheiro de ninhos. Concluí que algumas ideias minhas não foram boas. Os dois ninhos da varanda, por exemplo, ficam muito colados na laje, onde faz muito calor, o pobre pássaro passa as horas de maior calor com o bico aberto, olhando para o teto. Protegidos dos gatos, das corujas e dos saguis, mas com muito calor.
Enfim, reconheço que deve haver um limite para a invasão de territórios alheios. Às vezes a melhor ajuda consiste em não atrapalhar.