________________  A Mascarada

 
Onda Roxa decretada, mais aperto na reclusão: a Covid resolveu mesmo tomar seu lugar! O lockdowm (ou quase), é claro, gerou polêmica. Mas contra ou a favor só restou obedecer. Eu, por mim, achei que já passava da hora, em razão dos tantos bordejos noturnos e festas clandestinas noite adentro. E haja PM para fiscalizar aglomeração!

Medidas restritivas à parte, a geladeira esvaziou, fui  ao mercado. É estranha a sensação de estar num lugar público. Parece que a gente está fazendo algo de errado. Olhei furtivamente para os lados, como a sondar algum perigo a me rondar: a impressão é de que o Corona me espiava sorrateiro, tentando uma aproximação... Mas quem se aproximou foi uma moça que saudou-me alegremente: — Marina! Que saudade! Deu vontade de perguntar: — Quem é você? Mas achei que não ficaria bem.

Encontro difícil! Mais para mim, que para ela, pois nem com muita reza eu descobriria de quem se tratava. Humildemente confesso: não reconheço bem as pessoas quando usam máscara. Então fazer o quê? Fingir. Fingir e corresponder: — Oieee! A saudade é toda minha! Logo, fingi também que me lembrava de algo urgente e escapei. De longe, olhei: a misteriosa mascarada tinha sumido. Ufa! Enquanto escolhia umas maçãs, ia pensando: Quem seria ela? Pensei, pensei, mas juro, não me veio nada!

Tema: Pensei, mas nada veio.