A Estrela mais Brilhante

Ela era extremamente ativa. Uma pessoa eficiente até demais. Possuía um senso de responsabilidade que assustava, chegando a ser dura com todos com quem convivia. No entanto, era a mulher mais generosa que conheci em minha vida! Não havia sacrifícios que ela não fizesse. A palavra "impossível" não existia em seu vocabulário, que no início não era tão extenso, mas que foi se avolumando com o passar dos anos, devido ao gosto pela leitura e a prática constante da "arte das palavras cruzadas".

Era uma mulher de fibra, lutadora, rebelde, insolente, por vezes arrogante. Falava o que pensava e não era dada a demonstrações de afeto. Dificilmente chorava. Acho mesmo que nunca a vi chorar. Mas, quando ela percebia a dor avassalando os corações, suas mãos pesadas sabiam afagar. Seu olhar mostrava que a sua alma compartilhava a dor do outro.

Assim era ela: irreverente, talvez homofóbica por fora, mas com um coração capaz de abrigar o mundo inteiro, quem sabe o Universo.

Mas um dia ela foi chamada, finalmente, para um cargo mais elevado. Em uma quente manhã de um 25 de novembro ela partiu deste lugar para ocupar um posto que muitos desejam. Ela se transfigurou na estrela mais brilhante do céu. E quem nunca notou o brilho daquela mulher não conseguia mais tirar os olhos do firmamento porque ela ofuscava e ofusca todas as outras estrelas, a não ser uma outra, que não está muito longe dela, pois foi desta última que ela surgiu.

Hoje, quando a depressão me visita, olho para o manto negro acima de mim e converso com esses dois pontos brilhantes. De repente percebo que não estou de fato sozinha, pois de lá do alto, minha mãe e minha avó me envolvem com sua luz resplandecente e me aquecem o coração.

Rita Flôres
Enviado por Rita Flôres em 03/11/2007
Reeditado em 08/02/2017
Código do texto: T722073
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