QUAL É O SENTIDO DA VIDA?

Estava eu, ontem, enchendo os pneus do meu carro quando, subitamente, apareceu um rapaz, muito simples, agarrando as grades do estacionamento com os dedos de suas mãos e, bem próximo a mim, me disse de forma direta e sem rodeios - "Qual é o sentido da vida?" Agachado, logo me coloquei em posição ereta, olhando bem nos olhos dele, como por segundos que pareciam uma eternidade e, pensando numa resposta sincera, lhe disse: - "eu não sei!"

Naqueles segundos pensei também que seria muito fácil uma resposta vinda de um religioso que já tem as definições amalgamadas e lapidadas por sua crença dogmática, ou por alguma outra criatura inclinada por alguma filosofia isenta de empirismo. Mas eu fui sincero em minha resposta, como ele foi honesto em sua pergunta.

Daí, ele continuou falando que morou na rua por 4 anos, não tinha família e que tinha um filho pequeno; trabalhou fazendo bicos por aí em subempregos e a vida não lhe deu oportunidades, mas nunca entendeu ou alguém explicou sua situação como um ser inserido, aqui, neste mundo. Neste ínterim, continuou dizendo que quis perguntar para mim porque teve vontade de saber de outro homem que transparecia mais experiência em virtude dos cabelos brancos. Naquele momento, falei para ele que, com aquela pergunta que fez para mim, a transparência de experiência era ele que me proporcionava.

Pois é! É fácil dizer que a vida tem sentido quando temos um telhado para nos cobrir; quando temos pão na nossa mesa; temos roupas para cobrir nossa nudez e temos algumas (ainda que pouquíssimas) pessoas que nos amam de verdade, mas, e para quem não tem nada? Que sentido a vida pode ter? Sinceramente, apesar de tudo, ainda consigo pensar: a vida deve ter algum sentido!... Acho que deve ter!