Daqui da janela

Eu queria te encontrar para te dar o meu abraço fraterno, falar das coisas simples da vida, da época das anotações e desenhos de corações e fantasias no caderno, quando desenhávamos corações de toda cor, escrevíamos palavras soltas e rabiscos, traduzindo as expressões do calor da amizade, ou simplesmente da pureza das risadas soltas ao vento.

Aqueles tempos foram ficando para trás, à medida que trilhávamos rumo a novos horizontes, cada qual na sua própria direção, com os corações cheios de esperança em novas realizações mundo afora.

Penso que você surgirá não sei de onde, nem quando, pra gente rir, gargalhar e jogar conversa fora, ao som do violão ao luar, e revivermos os requintes das toadas de outrora e em seus acordes sempre acordar.

Mas, o que eu queria mesmo é apenas te encontrar de novo, para te dar do fundo do meu coração, sem rimas e sem formas, com toda a liberdade dos versos livres, o meu abraço fraterno.

Quando tudo voltar ao normal, quem sabe! Nós nos reencontraremos quantas vezes quisermos. Daremos gargalhadas ao vento. Expressaremos do fundo do coração a nossa gratidão, por nos abraçarmos novamente e por tudo ter voltado à normalidade.

No entanto, fico daqui da janela, com uma saudade danada, daquelas que dão vontade de sair pra rua e dançar na chuva; mas, por enquanto, fiquemos em casa, o tanto que pudermos. Ao sairmos, usemos máscaras e evitemos aglomerações. Ao invés de abraçarmos, reverenciemos uns aos outros.

Assim, estaremos cuidando de nós mesmos e dos outros também, colaborando com a chegada de novos tempos, dos quais seremos merecedores, se fizermos a nossa parte.

Enquanto isso, cada dia um novo sol, daqui da janela.

Yé Gonçalves
Enviado por Yé Gonçalves em 03/04/2021
Código do texto: T7222563
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