___________DESEJOS


— Ari... Ari, acorda, amor...
— Hum... O que foi, Mel?
— Tô com desejo...
— Desejo? Desejo de que, Melzinha?
— De comer caçarola. Daquela lá da rodoviária de Moema.
— Melriane, por favor, amor... 2 horas da madrugada, a rodoviária tá fechada e Moema é outra cidade. Me deixa dormir, vai...
—Ariovaldo, cê quer que nosso filho nasça com cara de caçarola? Quer?
— Mel, isso é invenção do povo, vamos dormir, vamos?
— Né, não, Ari! Isso é a mais pura verdade! Vai lá, Arizinho, vai... Eu quero muito comer um pedaço de caçarola da rodoviária. Pede o dono pra abrir...
— Não vou fazer isso, Mel! Que loucura!
—Tá legal, Ariovaldo! Mas eu nunca vou esquecer que você não matou esse meu desejo... E do nosso filho também!
— Mel, eu me levanto, faço um pudim de leite condensado, serve?
— Não serve! E quer saber? Já sem  desejos de caçarola!
— Ufa! Passou rápido. Eu não disse que era bobagem?
— Mas tô com novo desejo...
— Ah, não! Outro? Pelo amor de Deus, Mel! E qual é?
— O de te matar, Ariovaldo! Some lá pro sofá, seu imprestável!


Tema: Sem Desejos