Das frutas ( e outras classificações)
Pitomba é o caranguejo das frutas. O que se lucra comendo é inversamente proporcional ao trabalho de comer.
Noni é um cocô amanhecido de molho na privada. Ou um queijo gorgonzola.
Pitaia é bonita, mas ordinária. Sem personalidade. É uma tela de Monet. Melhor ver de longe.
Pepino é melancia sem a parte que interessa.
Abacaxi é cartilha de alfabetização.
Berinjela é teste de ortografia. É com g?
Lichia é a mulher do Doria das frutas.
Inhame é o Grande Otelo. Sim, feio, mas poderoso.
Coco é o Bombril. 1001 utilidades.
Alface é sinônimo de insípido. Você é tão alface!
Mamão é um cocô adiado. Perdão, Fernando Pessoa.
Mexerica é exímia mexeriqueira. Não se come escondido. É a maconha das frutas.
A banana é a crônica. Barata, efêmera. Subestimada! Escrevedores de banana, uni-vos!
A alcachofra é um Grande Sertão do Guimarães. Nunca comi, mas nego com veemência.
Pêssego é uma Melissa na vitrine.
Abricó de macaco é um homicídio culposo suspenso.
Jaca é fruta barroca.
Já a manga! Ah, a manga!
Aprendai, ó frutas levianas, com vossa irmã manga, o que é ser fruta no sentido arquetípico do termo: é doce, mas não chega a ser enjoativa; é bela, mas não chega a ser pornográfica (aprende, Pitaia!), é dissílaba; não fica bichada; é humilde, é gente como a gente, sem preechimento labial ou botox. É a fruta mais fruta que existe. Eu que não me fio naquelas maçãs à la Branca de Neve do Pão de Açúcar.