Sugestão de leitura.
Em época de dificuldades de relacionamento, de falta de empatia e de compreensão da realidade, sugiro a leitura de um livro extremamente oportuno para esses tempos sombrios: “O discurso da Estupidez”, de Mauro Mendes Dias, Ed. Iluminuras, lançado no ano passado.
Trata-se de uma obra escrita por um psicanalista. Acredito que seja muito útil ouvir as falas de um entendido nas emoções, no sentimento, nas profundezas da alma humana.
O autor define e disseca os conceitos psicanalíticos da estupidez e, no capítulo 2, apresenta os seus tratamentos possíveis, abrindo assim essa parte do livro:
“O rosto humano do agressor atrai porque é como nossa imagem no espelho, um cão raivoso latindo para nós” – Gregory Motton.
De 2018 para cá o comum das pessoas sentiu dificuldade de conversar com pessoas que se identificam com o fascismo. Eu sou uma delas. Tenho preferido a distância que não tem relação direta com a pandemia, mas com a antipatia pelas pessoas que preferem a morte à vida, o obscurantismo à ciência, o palavreado e atitudes agressivas ao diálogo.
Lá vai um tira-gosto:
“Carlo M. Cipolla, historiador econômico e medievalista italiano, no estudo que publicou com o título “as leis fundamentais da estupidez humana”, aponta:
“Os estúpidos são os mais perigosos”. Consideremos que a estupidez precisa de aliados para manter a rudeza, a impulsividade, o ódio e a zombaria. É aqui que entram em cena as vociferações. Vem dos sujeitos que zurram. Eles zurram com força, pela força e para a força triunfar como política. Tal tipo de fascismo é movido pelo ódio. Por isso mesmo, desde seus primórdios, pelo nazismo, não levou em conta o Outro, no sentido da diferença que constitui nossa humanidade” (p. .63)
... “Devido à possibilidade de ação da justiça que se mantém atuante nelas, mesmo que parcial e partidariamente, o estúpido se deparará com limites que dificultam suas ações. Por isso mesmo a estupidez conta com o submundo do crime, das milícias, da corrupção e do tráfico. Cada uma dessas organizações controla um contingente expressivo da população que, em boa parte, já vive submetida à violência, acostumando-se a ela à base do fuzil” (p.65).
Boa leitura.