Ágape e Pragma

Uma vez amei uma mulher da pior maneira que se tem para fazer isso: de verdade.

Até então, todos os amores que senti na vida, eu só os denominava assim porque precisamos dar nome às coisas para podermos identificá-las. Era uma analogia afetiva que criava uma cortina que encobria meus pecados e, no mais profundo, aliviava a frustração da indignidade.

Uma vez eu encontrei o amor onde mais nada existia, e me dei conta do paradoxo que isso representa. É como se amor concentrasse tudo que existe, mas só fosse identificado com precisão onde não existisse mais nada além dele. Tudo e nada.

Me dei conta de que ao amor basta ser, e toda tentativa de prova é vã. Ele não existe para ser mensurado.

Quando me dei conta de quer era amor, me lembrei do dilema de Pedro, que após negar Jesus por 3 vezes, é confrontado por Jesus, sobre o amor que sentia.

Pedro, assim como eu, quando confrontado pelo Divino (e amor assim é), percebendo-se humano demais para atingir a perfeição do conceito, respondeu que "amava com todo amor que podia dar". Essa foi a melhor dor que eu senti.

Descobri que o amor é de carne e osso. Ele sangra e sofre.

Ele não existe para nos transportar ao sentido mais evoluído da vida, vencer tudo e todos, mas para nos revelar a forma mais genuína de ser inteiro - humanamente limitado e divinamente abençoados pelo dom de poder saber o amor existe, em algum espaço turvo entre o rigor do sacrifício e a misericórdia do perdão.