Zélia em memória, aceitação, postura e tecnologia

São tantas as mudanças no mundo que nem já mais consigo acompanhar a velocidade com que as coisas se moldam à minha volta, mas as aceito como um novo amigo na minha rede social facebook.
Mas calma, antes que eu exponha o que quero falar aqui, deixem-me apresentar a você que estar curioso em saber o que relato nestas poucas linhas: me chamo Zélia, sou professora há 30 anos, entre escolas públicas e privadas, e amo o que faço, mesmo diante dos obstáculos que tenho que enfrentar em cada maratona em sala de aula. Não sei executar outro ofício a não ser ensinar. Na minha carreira docente, vi muitas coisas acontecerem: por exemplo, a democratização da educação para todos e a criação de universidades que foram avanços significativos no campo educacional. Vi até a abolição do quadro a giz e o triste esquecimento, talvez, dos clássicos da literatura em prateleiras de algumas escolas que possuem bibliotecas. Percebi que as demandas sociais neste emaranhado de transformações já não correspondiam às minhas expectativas nos planejamentos didáticos.
De repente, pude presenciar os “cochichos” de meus alunos serem silenciados pela enchente de redes sociais que começavam escancaradamente a invadirem o dia a dia das pessoas. E agora? Falar que não houve estranhamento, seria como não armazenar água em tempos de seca. Mas tudo bem! A sociedade muda continuamente; e como dizem os sociólogos, somos meio dela, e lutar contra essa, é tornar-se um sujeito estagnado no tempo, o que não é o meu forte.
Iniciara uma nova era: a era da TECNOLOGIA, o tempo das modernizações em todas as esferas sociais. Com o advento da INTERNET a comunicação entre as pessoas ficara mais acessível. O mundo inteiro, hoje, se balança numa REDE, mas não é uma “rede” dessas tecidas à mão, que provavelmente nossos avós tinham em suas varandas para descansar após o almoço para a um sonolento repouso ou contar estórias para seus netos. A onda do momento são redes sociais, essas que usamos para postar fotos, compartilhar links, dar curtidas, comentar postagens, enfim, entreter os adeptos dessas ferramentas.
Em Anarquistas, graças a Deus! A esposa de Amado e amada por mim, Zélia Gattai, minha “xará,” em seus textos de memória, memoriza que na década de 20 os “fons, fons” das buzinas começam a ensurdecer a cidade de São Paulo, era o caminho para progresso e modernização.
Hoje posso parodiar Zélia e dizer que no século XXI, os “assobios” de um danado de WhatsApp barulhentam a sala e meus alunos de cabeças baixas respondendo instantaneamente mensagens com outros dependentes.
Confesso que fico de mãos atadas muitas vezes. Como usar todas essas tecnologias a meu favor e a benefícios de meus alunos?
Inovar as práticas em sala de aula é preciso. Eu, enquanto docente e, atenta às novas técnicas de ensino, procurei entender melhor esse universo, isso bem antes de capacitações voltadas para essa temática, como o PROINFO. Utilizei o blog para expor situações didáticas e isso foi bacana, pois ajudou na democratização do conhecimento e interação com meus alunos. Percebo que esse recurso já está em extinção. Hoje meus discentes sonhadores impõem que eu participe de grupos do Zap-zap para notificá-los sobre assuntos pertinentes a eles. Estranhamento teve, mas aceitar é preciso.
Infelizmente muitos professores são resistentes e não usam esses RECURSOS MIDIÁTICOS como mais um recurso metodológico em suas aulas, afirmando que podem ser prejudiciais para sua ação docente e tirar sua AUTORIDADE. O sábio professor, modéstia à parte como eu, utilizando os instrumentos tecnológicos a seu favor, não perderá sua AUTORIDADE e formarão discentes AUTÔNOMOS e PROTAGONISTAS de sua própria APRENDIZAGEM.
Mesmo diante de tantos avanços tecnológicos, ainda há um longo caminho a percorrer, pois como falamos de Brasil, assim como a distribuição de renda não é igualitária, consequentemente nem todas as escolas têm acesso a esses equipamentos, tampouco a internet, que a ONU (Organização das Nações Unidas) defende como necessidade da humanidade.
Fiz um control “C”, seguido de control “V” e depois control “P” e levei a notícia divulgada no portal G1 para um debate na sala. Nesta notícia, dizia que França e Reino Unido aprovaram leis para bloquear o acesso de algumas informações e outros países que bloqueiam redes socais para que haja redução de protesto contra o governo. Indaguei meus alunos: _ e se o Brasil criasse uma lei para impedir o uso de redes socais como o WhatsApp ou Facebook? Como seria?
Como todo ponto de vista, é a vista de um ponto. As respostas foram diversas. Houve até ameaças de panelaços caso isso viesse acontecer, pois os alunos veem esses meios de comunicação como uma nova porta para a construção de um novo saber e manter o contato com outras pessoas vencendo barreiras longínquas.
Jorge, que é um de meus alunos comentou durante a discussão que: “Quando bloquearam o aplicativo WhatsApp, mesmo por algumas horas, foi horrível as pessoas ficaram enfurecidas, já que muitos cidadãos o utiliza para trabalhar, manter contato com seus familiares, enfim, é um recurso social e deve ser garantido e se houvesse a desativação do App aqui no Brasil, seria uma calamidade e feriria princípios da ONU que ver a internet e avanços tecnológicos como um direito e que de forma não divulgada, não sei o porquê, já vem sendo discutido desde 2003, é uma discussão contínua e que precisa de atenção em escala global.”
O parecer de Jorge no desenrolar do debate foi muito pertinente e sei que é necessária a mudança de postura de cada um. A sala de aula é um reflexo da realidade que os alunos vivenciam e dar abertura para falar sobre esses assuntos é formar pessoas conscientes sobre o uso correto das redes socais frente ao mundo globalizado.
Ter uma nova postura frente às demandas tecnológicas é extremamente importante; no campo educacional vivenciamos querendo ou NÃO, uma PEDAGOGIA DA TECNOLOGIA e temos que nos adaptar a essa, mesmo como fim pedagógico o uso do WhatsApp, graças a Deus!
Cícero Henrique
Enviado por Cícero Henrique em 01/05/2021
Reeditado em 01/05/2021
Código do texto: T7245728
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.